Salve!

Sábado foi dia de turistar pela Ilha de Magia. Depois de dar uma banda pelo simpático e histórico distrito de Santo Antônio de Lisboa, a tarde reservava mais um joguinho pelo Municipal de Floripa. No Estádio Henrique de Arruda Ramos, bizarramente pintado de roxo, o Avante recebeu o Grêmio Cachoeira.

Os locais vêm fazendo um começo de campeonato exatamente na média, com uma derrota (na estreia para o River), uma vitória (sobre o Campinas) e um empate com o Cruz de Malta. O duelo contra o Grêmio, válido pela quarta rodada, marca justamente a virada do meio para o final dessa primeira fase de tiro curtíssimo e um momento importantíssimo para enfim engrenar.

Ainda invicto, o Grêmio vem de um empate no clássico do Norte da Ilha contra o Náutico. Com um escrete renovado, o time da Cachoeira do Bom Jesus busca retomar a supremacia no futebol florianopolitano. Para tanto, buscou reforços que vinham jogando em Palhoça, como a dupla de Bruninhos e o camisa 10 Jube – trio presente na conquista do título da Segundona pelo Eldorado -, e em Tijucas, como o arqueiro Luiz Carlos e o volante Petherson. Fora eles, outro nome chamou bastante atenção e surpreendeu: Diego Viana, centroavante com passagens recentes por diversos clubes profissionais do Brasil, como Portuguesa, Blumenau e Novo Hamburgo.

Dentro de campo, apesar de já estarmos na quarta partida, os reforços gremistas tardaram a se encontrar. Do outro lado, igualmente, o Avante não conseguia trocar mais do que três passes no campo de ataque. Fatos que renderam um dos piores tempos de jogo que eu vi na vida. Foram apenas duas finalizações para cada lado, sendo que nenhuma na direção do gol – ou próximo disso.

As únicas oportunidades dignas de nota saíram após os 40 minutos, dos pés dos camisas 10: Davy, o do Avante, recebeu livre pela direita, com um bom pedaço de campo para percorrer, mas viu que não teria fôlego o suficiente e mandou de fora da área mesmo, de cavadinha, fazendo ela encobrir Luiz Carlos e se perder pela linha de fundo; pouco depois, Jube fez fila pelo meio, deixando toda a marcação do Avante na saudade, e bateu cruzado, da entrada da área, mas não pegou em cheio e o arqueiro Diego Ventura só observou a pelota sair.

Para compensar a morosidade que marcou a primeira etapa, as duas equipes voltaram do intervalo muito mais ligadas. Com três minutos, finalmente saiu o primeiro chute em direção a gol, de Jube, para a defesa de Diego Ventura. O arqueiro nada pôde fazer, entretanto, dois minutos depois, quando Bruninho recebeu a bola dentro da área, após bela jogada de Gui, e só teve o trabalho de escolher o canto e correr para o abraço.

A esquadra da casa, ao contrário dos visitantes, demorou a encontrar o caminho do gol. Logo após ter visto o rival abrir o placar, o Avante teve tudo para empatar, mas o zagueirão Jefferson, sozinho na pequena área, isolou uma sobra de escanteio – era só escorar para as redes. Aos 16, veio a punição pelo gol desperdiçado: a defesa do Avante, já sem Jefferson, substituído por Jean, saiu jogando mal pelo meio e entregou nos pés de Bruninho Abdala – apelidado de Gauchinho para evitar confusões com seu xará -, que levantou a cabeça, viu Diego Ventura um tanto adiantado e mandou dali mesmo, no ângulo.

Com o placar imposto, a esquadra da Cachoeira do Bom Jesus foi recuando aos poucos e deixando o Avante jogar – como diria aquele comentarista mais genérico, o 2 a 0 é uma vantagem deveras perigosa. A equipe da casa, porém, esbarrava na sua própria burocracia, tentando achar espaços que não existiam pelo meio ou forçando passes e lançamentos. Os locais só conseguiram encaixar uma boa jogada aos 26, e ela foi fatal: Laion escapou pela esquerda e cruzou no segundo pau, na medida para João Lins, que escorou para Vagner Canoas, oportunista, apenas completar para as redes.

O gol sofrido fez o Grêmio se reacender para a partida. Apesar de seguir recuada, a equipe conseguiu descolar bons contra-ataques. No primeiro, Adriano avançou e tentou resolver sozinho, mas mandou fraco para o gol. Depois, Luiz Felipe pegou a pista expressa da avenida que era seu lado esquerdo e foi à linha de fundo, de onde rolou na medida para Paulo Dati, na cara do gol, isolar a pelota. Ficou nítida a falta que fazia a velocidade dos dois Bruninhos, os autores dos gols, inexplicavelmente substituídos quando o placar ainda apontava o 2 a 0.

Enquanto isso, o Avante só avançava. Aos 39, um chute desviado de João Lins prendeu a respiração dos presentes, pois passou raspando a trave. Três minutos depois, o atacante, egresso do banco, não desperdiçou: Vagner Canoas brigou pela bola na linha de fundo, bateu cruzado na área e Luiz Carlos deixou passar; o arqueiro compensou com um milagre na sequência da jogada, mas, ainda caído, não conseguiu pegar o rebote de João Lins.

O Tricolor da Cachoeira chegou a ficar com um homem a mais nos acréscimos, após Laion acertar Jhony sem a bola e receber o vermelho direto, mas, abatido, o time não conseguiu buscar forças para ir atrás do terceiro. A bola puniu a equipe gremista, que viu a chance de se desgrudar do rival Náutico na liderança ir por água a baixo – apesar de assumir a ponta, basta um empate ou uma vitória do time do Santinho, no domingo, para o Grêmio retornar ao segundo posto.

O Avante, após essa recuperação sensacional na segunda etapa, ganha moral para seguir brigando pelo G4 da competição. E o próximo desafio, domingo que vem, já é duríssimo. O time de Santo Antônio de Lisboa pegará a rodovia em direção ao Norte da Ilha para encarar o Náutico, no Santinho. No dia anterior, o Grêmio recebe o River na Cachoeira do Bom Jesus, podendo já garantir a vaga nas semifinais.

Mais fotos do jogo

Também de Tijucas, o arqueiro Luiz Carlos foi o titular do Renascença no título do Municipal de 2016. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

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O Cancheiro se despede de Santo Antônio de Lisboa com o próximo destino já em mente: o Saco dos Limões, onde o Náutico busca retomar a liderança contra o União.

Até logo!