Sábado foi dia de regressar a uma cidade muito querida aqui pelo blog. Tijucas, onde o futebol amador ainda respira a plenos pulmões, teve a grande final do Campeonato Municipal disputada no Bairro da Praça, em um lotado Estádio Manoel Franco de Camargo. Dentro de campo, o decacampeão – e atual bi – Renascença recebeu o AV 13 para a partida de volta da decisão.
O Renascença, do técnico Amauri de Souza, adentrou o campo da Praça com: Alagoano; Maringá, Cléber, Marquinhos e Marivaldo; Dick, David, Derik (Catuto) e Alexandre; Lelê (Patrick) e Walber (Nicolas). (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)O AV 13, comandado por Fabrício Telles, o Bibi, disputou a finalíssima com: Doriva; Jocinei (Edegar), Vitor, Leandro e Saulo; Rodrigo, Alex, Machadinho (Karlos) e Boquita; Ruy e Andrezinho (Vinícius). (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Trio da CBF para a decisão: William Machado Steffen, Eli Alves e Gianluca Perrone. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O Cancheiro retorna ao município exatamente um ano depois de presenciar e contar como o Verdão da Baixada chegou a la décima, feito inédito que ampliou a vantagem do clube como o maior campeão de Tijucas. Ao contrário daquela ocasião, quando a final foi disputada no estádio do XV de Novembro, o Renascença não teve qualquer punição e conseguiu fazer valer seu mando de campo, levando a finalíssima para dentro de sua “La Bombonera”, como a torcida apelidou a cancha da Praça.
Uma baita festa para recepcionar os finalista invictos. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Os atletas, como não poderia deixar de ser, saudaram sua apaixonada torcida, um dos grandes diferenciais para a supremacia história do Renascença. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)A torcida do AV 13 também compareceu em bom número – e fazendo barulho – à Praça. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A semelhança com o reduto xeneize não é meramente física – guardadas as devidas proporções, é claro. Além do campo possuir as mínimas dimensões e ser separado por centímetros das arquibancadas, os mandantes são praticamente imbatíveis dentro das quatro linhas. O Renascença venceu todos os seus oito jogos no temido Manoel Franco de Camargo nessa edição do Municipal – no ano passado, foram sete vitórias e um empate (apenas o Itinga, em jogo que O Cancheiro esteve presente, não saiu derrotado da Praça).
Equipes perfiladas com a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes ao fundo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O AV 13, postulante a acabar com a supremacia do Renascença, também não saiu vitorioso da Praça, mas vendeu caro suas derrotas: dois apertados 1 a 0. Em Areias, onde a equipe manda suas partidas, foram dois empates: 1 a 1 na primeira rodada do quadrangular e 3 a 3 no jogo de ida da final. Um novo empate levaria a disputa do caneco para as penalidades.
Uma pausa para falar de David: o Renascença é o sexto time pelo qual o volante aparece em O Cancheiro. Por TODAS essas equipes, ele chegou à final dos respectivos campeonatos, se sagrando campeão por Grêmio Cachoeira, em Floripa, Floresta, em Pomerode, e Atlântico e Eldorado, em Palhoça; pelo Campinense, em Garopaba, ele ficou com o vice, após perder a decisão nos pênaltis. Tamanho currículo rendeu um lugar no Caravaggio, um dos principais clubes do futebol não-profissional catarinense, por onde estreou já no domingo – e também deverá aparecer por essas páginas. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Ruy é um dos destaques do time visitante nesse campeonato. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Dentro de campo, os visitantes começaram melhor, deixando de lado a tão temida fama do palco da decisão. Com mais posse de bola, o AV 13, entretanto, não conseguia levar perigo para o arqueiro Alagoano. Do outro lado, o Renascença chegava através de contragolpes quase fatais. No primeiro deles, Lelê avançou desde a meia cancha, invadiu a área aos trancos e barrancos e conseguiu tocar para Derik chegar batendo e isolar.
Lelê, com uma vontade fora do comum, acreditou em uma jogada aparentemente perdida e levou perigo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)A torcida fica literalmente em cima do lance na La Bombonera da Praça. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Aos 20, com o jogo concentrado apenas no meio de campo, coube a David ter um lampejo de genialidade para quase abrir o placar: o meia recebeu uma bola na intermediária, arrumou para o chute e, mesmo com ela quicando, pegou na veia; seria um golaço, se o goleiro Doriva, de forma igualmente genial, não voasse para espalmar e mandar para escanteio. Na sequência, o AV 13 enfim conseguiu finalizar, numa escapada de Andrezinho, mas a finalização caprichosamente encontrou o poste.
Andrezinho foi um dos únicos a conseguir furar a forte defesa local. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A primeira etapa seguiu lá e cá, com o Renascença apostando na artilharia pesada e o AV 13 buscando o jogo, mas sem conseguir infiltrar a área adversária. Duas finalizações foram anotadas para cada lado nessa segunda metade do primeiro tempo, todas de longa distância e sem pontaria: David e Dick para o Verdão e Saulo e Boquita para a esquadra alaranjada.
Com o meio de campo congestionado, o Renascença buscou os flancos do diminuto gramado. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Saulo arriscou, mas a bola tomou um efeito contrário e se perdeu pela linha de fundo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Se os arremates de longe não estavam surtindo efeito, o time da casa começou a segunda etapa pressionando e jogando a pelota na área. Assim, em menos de três minutos, finalmente o placar foi inaugurado na Praça: Dick chuveirou na área, o centroavante Walber disputou no alto com o goleiro Doriva e conseguiu cabecear na direção do gol, mandando a bola de mansinho para dentro da meta e levando a torcida local à loucura.
Walber abriu o placar e foi para a galera. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Em meio à comemoração, o centroavante deu uma de Rossi – o da Chapecoense – e prestou continência em posição de descansar. Vai entender… (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O Renascença seguiu melhor e quase ampliou poucos minutos depois, quando David bateu cruzado e Walber perdeu a chance de se consagrar, na cara do gol, isolando a pelota. Em uma final equilibrada, era bem provável que aquele golzinho faria falta no final. Ainda mais pelo fato de que o AV 13 passou a ganhar cancha após esse lance e começou a pressionar em busca do empate.
Alexandre e Ruy se embrenharam ali na lateral, esquentando os ânimos. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)William Machado Steffen apenas fez a mediação e amarelou a vida dos dois. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Saulo, o principal finalizador do AV 13 na partida, foi o primeiro a arriscar, mas pegou mal. Pouco depois, aos 18, Andrezinho encontrou espaço para avançar pela esquerda, enfiou para Ruy, que chegou à linha de fundo e rolou para Jocinei, mas Alagoano cresceu para cima do lateral e evitou o empate de forma heroica. Quatro minutos depois, Ângelo pegou um rebote na meia-lua, abriu para o chute e mandou um petardo, explodindo na coxa de Marquinhos.
Após fazer milagre no chute de Jocinei, Alagoano acabou sentindo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Ângelo abriu para o chute a carimbou a coxa do adversário. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A cada giro do ponteiro a situação do AV 13 ficava mais difícil, dada a dificuldade de penetrar a melhor defesa do campeonato jogando em seus domínios. Buscando os flancos, os visitantes assustaram em diversas oportunidades, mas Alagoano, sempre confiante e seguro, seguia evitando o empate.
Não passava nada pelo guarda-metas do time da Baixada. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Enquanto isso, a torcida não se conseguia se conter diante da eminente décima-primeira taça e, ignorando a pressão dos visitantes, começou a comemorar e gritar “é campeão” por volta dos 40 minutos. Os locais não imaginavam, entretanto, com o que estava por vir, quando já eram decorridos dois minutos além do tempo regulamentar: o goleiro Doriva lançou na área e, após um bate-rebate, a bola ficou viva e Karlos, de costas para o gol, conseguiu descolar uma puxeta incrível, na saída de Alagoano, para levar a decisão para os pênaltis.
O exato momento que mudou toda a história da final: Acredito que nem Karlos imaginou que acertaria o gol nesse lance. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Alagoano – e imagino que todos os presentes – não conseguiu acreditar no que estava acontecendo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Doriva recebeu o apoio da torcida. A partir de agora, tudo dependia dele. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Em dois anos, apenas duas torcidas não saíram derrotadas nos 90 minutos da Praça: a do Itinga e a do AV 13. Curiosamente, nos dois únicos jogos que O Cancheiro esteve presente. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Mais fotos dos 90 minutos de bola rolando
Andrezinho foi um dos únicos a conseguir furar a forte defesa local. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Lelê, com uma vontade fora do comum, acreditou em uma jogada aparentemente perdida e levou perigo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Após o apito final de William Machado Steffen, era evidente a decepção entre os jogadores do time da casa. Enquanto isso, os visitantes comemoravam o heroico empate como se fosse um título. Renascença e AV 13 foram para a disputa da marca da cal em climas completamente opostos.
Esqueceram, porém, daquele velho e batido jargão: o futebol é uma caixinha de surpresas. E a tal caixinha não se abriu apenas no último lance dos 90 minutos, como também na disputa por pênaltis, quando Karlos e Alagoano voltaram a ficar frente a frente. Bom, confira o desfecho dessa história na sequência de fotos:
Alexandre abriu a contagem deslocando o goleiro: Renascença 1×0. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Leandro bateu no cantinho e quase tirou Alagoano da foto. 1×1. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)O capitão Dick bateu forte e a bola ainda pegou na trave antes de morrer no fundo das redes. 2×1. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Saulo bateu a meia altura e no meio do gol. Alagoano tentou adivinhar o canto e perdeu a chance de defender o penal. 2×2. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Marquinhos mandou com maestria no alto. Doriva até acertou o lado, mas chegou um pouco atrasado. Renascença na frente novamente: 3×2 (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Alagoano apenas observou o arremate de Vitor morrer no canto oposto ao que ele pulou. Novo empate do AV 13: 3×3. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Marivaldo bateu colocado e Doriva novamente acertou o lado, mas não conseguiu encostar nela com força suficiente para evitar o gol. 4×3. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)O golpe de vista de Alagoano não foi suficiente para mandar o chute de Edegar para fora. A pelota foi morrer lá no cantinho. 4×4. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Mais uma vez Doriva acertou o lado. Dessa vez, o chute de Nicolas passou entre os seus braços. 5×4 para o Renascença. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Boquita não bateu muito bem, mas a bola passou por baixo de Alagoano e entrou. Tudo igual na primeira série de cobranças: 5×5. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Abrindo as alternadas, o tiro de Maringá tirou poeira do chão e passou por baixo de Doriva, que mais uma vez acertou o canto, mas levou azar. Renascença: 6×5. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Karlos, o herói do AV 13 no tempo normal, bateu com o peito do pé… (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)…e Alagoano defendeu. Renascença UNDECA campeão tijuquense! (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Foi só o arqueiro espalmar a bola que a festa irrompeu o gramado do Manoel Franco de Camarço. Jogadores e torcida do Verdão da Baixada foram para cima de Alagoano para comemorar o feito. Apesar de toda a luta do AV 13, seria uma tremenda injustiça se o título não ficasse na praça. Ninguém imaginava, porém, que seria da forma como foi, com direito a herói se tornando vilão em questão de minutos.
Alagoano em prantos sob o montinho. Não sei se pelo fato de ter se machucado no meio da confusão ou pela emoção de ser o herói da conquista. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Abrindo as premiações, todos os times que disputaram o certame foram homenageados. O Pernambuco, mesmo tendo amargado a lanterna, esteve presente e foi representado por essa figurinha. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)O tradicional e pentacampeão Joaia, quinto colocado em 2017, também se fez presente. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Tiaguinho, do União, novamente foi o artilheiro do Municipal, com 13 gols. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)A defesa menos vazada foi a do campeão Renascença, com 16 gols. Alagoano ficou com o troféu e, assim como Luiz Carlos fizera com ele na premiação do ano passado, fez questão de chamar Lucas para acompanhá-lo no pódio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)O semblante de Vitor denuncia que, obviamente, não era essa a taça que ele gostaria de levantar. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)Tri-undeca! O Renascença provou mais uma vez que, em termos de títulos, é o maior de Tijucas. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Terminada a premiação, ainda descolei uma camisa do campeão para a coleção – um agradecimento especial ao mitos David e Rato. Depois da sensacional tarde em Tijucas, ainda fiz uma parada no caminho de volta para Floripa, em Governador Celso Ramos, para mais uma cobertura especial. Mas isso é papo para logo mais.
Um comentário sobre “Renascença vence o AV 13 nos pênaltis e conquista o tricampeonato tijuquense de forma invicta”
[…] o clima festivo de Tijucas, após o título do Renascença, para pegar a estrada e rumar a outra cidade conhecida do blog, mas que também fazia mais de ano […]
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