Buenas!
Acostumado com as mais acanhadas canchas interior afora, O Cancheiro reservou a manhã desse sábado para colocar um estádio de Copa do Mundo na listinha. Fizemos um bate-e-volta rumo ao Gigante da Beira-Rio para acompanhar a gurizada do Aimoré em mais um baita desafio: buscar o tricampeonato de juniores, contra o Internacional.



Colorado e Índio, apesar de não ocuparem o mesmo patamar no profissional, são velhos conhecidos quando o assunto é a base. Não era decorrida nem uma semana desse ano de 2017 e ambos já estavam se enfrentando, lá em São José dos Campos, pela Copa São Paulo de Juniores.

Desde que teve suas categorias de base terceirizadas, o clube de São Leopoldo coleciona façanhas. A primeira, em 2015, foi o título da Copa FGF Sub-19 – acompanhamos alguns capítulos daquela campanha, como a estreia em Canoas e a final contra o Panambi. No mesmo ano, o Aimoré já havia alcançado as semis do Estadual, quando caiu para o Inter. Em 2016, outras duas quedas nas semifinais: no Estadual em uma traumática eliminação para o Juventude e na Copinha novamente para o Colorado.

O Inter, aliás, adora complicar a vida do Índio Capilé. Além daquela vitória lá em janeiro, o Celeiro de Ases ainda aplicou 4 a 0 no Aimoré na fase classificatória desse Gauchão. Apesar disso, a equipe teve um desempenho mediano e terminou na quarta posição. Em sexto, o Aimoré teve ainda mais trabalho para se classificar. Foi nos mata-matas que ambos mostraram suas forças: o Inter deixou para trás Juventude e o até então dono da melhor campanha São José, e o Aimoré eliminou Grêmio e Ypiranga.
Ao contrário de quando duelou com o Tricolor no Cristo Rei, contra o Inter o Aimoré não conseguiu segurar um bom resultado e acabou sendo derrotado por 2 a 1. Com o famigerado gol qualificado, a vida dos guris do Índio se mostrava ainda mais complicada para o duelo decisivo: em pleno Beira-Rio, eles teriam que fazer, no mínimo, dois gols e, claro, não sofrer nenhum.

Mesmo com aquele gigantesco estádio se impondo, a esquadra aimoresista não se intimidou e fez uma belíssima primeira etapa. Apesar de começar em cima e finalizar duas vezes com perigo, aos poucos o Internacional foi dando cancha para o Aimoré, que, no embalo de sua centena de torcedores presentes, foi para cima. Marcando alto, o Índio descolou uma cobrança de lateral no seu campo de ataque; a pelota foi alçada à área, Léo brigou e ela sobrou para Domênico arriscar de primeira, mas o chute carimbou um marcador e a bola se perdeu pela linha de fundo. Na batida do escanteio, Filipe mandou na cabeça de Vini, que subiu mais alto e testou para fora.

Apesar do melhor momento dos visitantes, o Inter voltou a ter o controle da partida, ficando com a posse de bola e jogando abraçado com o regulamento. Por vezes, até exagerava, partindo para a cera. Os leopoldenses responderam da arquibancada visitante, bradando “timinho” e o já tradicional nesse 2017 “ão, ão, ão, segunda divisão”.

Depois de 45 minutos bem iguais, as maiores emoções ficaram reservadas para os descontos. Em dois minutos, o Aimoré pressionou o Colorado, a essa altura cansado, e ficou muito próximo de abrir o placar. Após bela jogada pela esquerda, Juan tentou mandar na área e a defesa do Inter afastou, gerando o primeiro de uma série de três escanteios: no primeiro, Port bateu, a zaga afastou, mas ela sobrou novamente com o volante, que cruzou e Gabriel Mentz apareceu para cortar; depois, ele apenas rolou para Domênico cruzar aberto e Luiz Felipe espalmar para escanteio; do outro lado, Filipe bateu o terceiro tiro de canto e a bola quase foi diretamente para o gol, mas o arqueiro colorado, ligado, esmurrou para longe, afastando o perigo e, de quebra, dando fim à pressão.

A boa postura aimoresista no primeiro tempo acabou não se refletindo no resultado. Mas ainda haviam 45 minutos para buscar os dois tentos. O problema é que, na volta para a segunda etapa, o time voltou um tanto quanto apático. Dominando na meia-cancha, o Inter, numa espécie de 3-4-3, não tardou a pressionar. Luís Felipe – o atacante, não o goleiro – deixou dois marcadores para trás, enfiou para Ramon, que bateu cruzado e Filipe apareceu para cortar para a linha de fundo, tirando tinta do próprio patrimônio. Na cobrança do tiro de canto, Ramiro bateu na altura da marca do pênalti e o zagueirão Gabriel Mentz subiu mais alto para testar para o chão, como manda o figurino, e abrir o placar aos três minutos.


O Aimoré, depois de largar atrás, continuou seguindo atrás dos dois gols, mas, agora, para levar a decisão apenas aos pênaltis. O time de São Leopoldo ainda contou com uma providencial e gratuita expulsão do zagueiro e capitão Roberto, que, num ato infantil, desferiu uma cotovelada em Léo – o atleta colorado, prontamente arrependido, deixou o campo chorando.


Mesmo com um homem a mais, o Índio Capilé se abateu e simplesmente não se encontrou em campo. Sem encaixar nenhum jogada, os leopoldenses assistiram o tempo passar, sem reação. Os colorados, mais acostumados às decisões, jogaram com inteligência e seguiram dominando no campo de ataque, deixando a menor pista de que estavam jogando com um a menos. Para coroar a excelente atuação na segunda etapa e soltar o grito de “é campeão”, o Inter chegou ao segundo gol aos 44, após o lateral-direito Leandro Córdova arrancar pelo meio e desferir um balaço de canhota de fora da área, sem chances para Tales.


A vitória selou o tricampeonato do Colorado de Ases Celeiro no Estadual Júnior e mais um capítulo na saga do Internacional como algoz do Aimoré. Desde que passou a ter a chancela da FGF em 1991 e ser disputado regularmente, o Inter é o maior campeão da competição, chegando a marca de doze canecos, cinco a mais que o arquirrival Grêmio.




O Aimoré, bicampeão sub-20 nos anos 80, ficou sem o seu tri, mas voltou para São Leopoldo com mais uma honrosa campanha, tapando de orgulho seus fieis torcedores que foram à Capital, e com a vaga garantida na Copa São Paulo de Juniores do ano que vem – e lá vai O Cancheiro, novamente, atrás do bravo Índio Capilé!
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Domingo, já de volta às terras barriga-verdes, deixaremos o glamour das arenas da Copa de lado e voltaremos à nossa realidade de cancha. E já adianto que teremos uma rodada tripla por aqui.
Hasta!
[…] de semana com decisões matutinas aqui no blog. Depois de copar o Gigante da Beira-Rio na manhã de sábado, abreviei minha estadia em solo gaúcho para atender um convite daquelas irrecusáveis: conferir o […]
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[…] Depois de fazer história em sua primeira participação e alçar o nome do Aimoré a vôos jamais antes alcançados, a gurizada capilé não se contentou e foi atrás de mais. Se em 2017 a vaga veio após ter batido na trave nas semis do Gauchão Júnior 2016, nesse ano o Aimoré se credenciou ao principal torneio de base do Brasil por ter ido além e chegado à decisão do estadual, quando acabou sucumbindo à força do seu algoz Internacional em pleno Beira-Rio – O Cancheiro esteve lá. […]
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