Botafogo empata com Santa Cruz e garante acesso à elite de Floripa de forma épica!

Depois de mais de um mês viajando sul afora, finalmente voltei ao futebol da Ilha da Magia. A tarde desse domingo contava com as duas semifinais da Segundona: uma no Norte da Ilha, entre River e 100%, e a outra aqui perto, na Trindade, entre Botafogo e Santa Cruz da Barra do Sambaqui. Escolhi a segunda, não apenas por ser bem mais perto para mim, mas também porque envolvia o time com a história mais espetacular do campeonato.

Associação Social Cultural e Atlética Santa Cruz (Barra do Sambaqui)
Time do Santa Cruz que entrou em campo: Leandro; Igor, Fabiano, Dionatan e Vitor Amaral; Willian, Maicon, Elias e Victor; Luciano e Thiago Soares (Foto: Celso Martins/Daqui na Rede)
Sociedade Esportiva Recreativa AUPE/Botafogo
Ricardo; Rafael, Hudson, Sandro e Dani; Humberto, Família, Diego e Gardena; Helton e Diego Müller. (Foto: Celso Martins/Daqui na Rede)

Faltavam duas rodadas para o término da primeira fase da Segundona. O Botafogo era o lanterna do Grupo A e havia perdido todas as seis partidas que disputara. O time já era, com alguma folga, o pior da competição. Uma remota classificação às quartas-de-final só seria possível se o time da Trindade finalmente descobrisse o caminho para as vitórias e se o Paula Ramos Jr., quarto colocado, perdesse as duas. E foi o que aconteceu. Com o quarto lugar, o Vila Nova, líder do Grupo B, seria o adversário na abertura do mata-mata. Mesmo após estar perdendo por 4 a 2 no primeiro jogo, o Botafogo foi atrás de uma virada incrível – com gol aos 49 do segundo tempo – e ainda venceu o jogo de volta.

A improvável campanha de quatro vitórias seguidas, após ter perdido as seis primeiras, já colocava o Botafogo nas semifinais, a dois jogos do acesso. O adversário seria o Santa Cruz, clube da Barra do Sambaqui. No primeiro jogo, mais uma vitória improvável, por 4 a 3. Bastava um empate como mandante, no Estádio da Gruta, para que o Botafogo voltasse à Primeira Divisão.

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Bastava um empate para que o Botafogo voltasse à elite. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso

O jogo começou tenso. Com cinco minutos, o árbitro Fernando Miranda já havia distribuído dois cartões amarelos. Somado ao fato de valer uma vaga na elite florianopolitana, as dimensões do campo contribuíam para uma partida mais pegada. Em cada jogada, pelo menos dois jogadores do mesmo time apareciam para fazer a marcação, dificultando trocas de passes mais objetivas.

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Devido às dimensões mínimas do campo, o jogo foi muito brigado. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

As dimensões do campo de jogo, aliás, protagonizaram situações bizarras. Para ter uma ideia, a distância entre a linha da grande área e a linha lateral não passava de dois metros e meio – ou seja, a distância mínima exigida pela FIFA. Se não dava pra chegar ao gol com bola no chão, os times investiam em lançamentos para a área. Qualquer chutão do meio de campo virava uma chance clara de gol e levava perigo para os arqueiros. Victor, do Santa Cruz, sabendo disso, bateu rasteiro de pouco depois do círculo central, obrigando Ricardo a praticar a defesa em dois tempos.

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E esse braço sobrando, Família? Excesso de vontade? (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com bola rolando, as melhores chances do primeiro tempo pararam na trave. Aos 14, Rafael tentou um cruzamento, mas a bola encobriu o goleiro Leandro e acertou o travessão. Pouco depois, o Santa Cruz fez uma marcação pressão no meio de campo e roubou a bola, Luciano avançou com ela e rolou para Thiago Soares, livre na pequena área, mas a finalização encontrou o poste. Apesar de várias chances para cada lado, o placar não saiu do zero no primeiro tempo.

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Pouca propaganda ao fundo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Assim que a bola rolou para a segunda etapa, Dieguinho, dos mandantes, atropelou Elias na entrada da área e, em meio a uma confusão, foi expulso. Atitude corretíssima do árbitro, pois, além de coibir um pouco da violência, deixou o jogo mais aberto. Com um a mais, quem também apareceu foi a torcida do Santa Cruz, cerca de 100 pessoas que ocupavam mais da metade da arquibancada da Gruta, e que passaram a apoiar o time com mais entusiasmo.

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A falta batida por Dani parou na barreira. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Contrariando o cenário do jogo naquele momento, quem abriu o placar foi o Botafogo, aos 14 minutos. Família cobrou uma falta praticamente do meio de campo e encobriu o goleiro Luciano; além das dimensões mínimas do campo, o vento também contribuiu para o gol, dando uma trajetória bizarra para a bola.

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Família fez o golaço do meio de campo e correu pro abraço. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Precisando virar a partida para se classificar, o Santa Cruz colocou a bola no chão e aproveitou seu homem a mais. Aos 19, após boa troca de passes, Elias recebeu, cortou para a direita em direção à marca do pênalti e bateu colocado, no cantinho. Dois minutos depois, em jogada muito semelhante, Victor puxou para a direita, da entrada da área, e também encontrou o cantinho da goleira defendida por Ricardo.

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Victor fez o gol da virada. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso

Por ter a melhor campanha durante a competição, o Santa Cruz ia ficando com a vaga na elite, freando a ascensão meteórica do Botafogo. Porém, cinco minutos depois da virada, Gardena desviu um cruzamento no primeiro poste e voltou a deixar a partida empatada. O camisa 10 saiu correndo até o meio de campo e foi comemorar na frente da torcida adversária, gerando a revolta dos visitantes.

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A torcida do Santa Cruz não gostou nada dessa comemoração de Gardena. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Nos pouco mais de 20 minutos que faltavam, o Santa Cruz pressionou e tentou voltar à frente do placar de todas as formas, mas o Botafogo aproveitou o campo pequeno para se fechar na defesa e não permitir que sua vaga escapasse. Sempre que a bola sobrava para Ricardo, o arqueiro dava um jeito de enrolar o máximo que podia e garantir segundos preciosos.

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Com o placar favorável, Ricardo segurou a bola o máximo que podia. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
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Benito perdeu uma chance clara para desempatar a partida. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Mesmo com o Botafogo tendo algumas chances de matar a peleia, o placar seguiu inalterado até o apito final de Fernando Miranda. Enquanto alguns jogadores comemoravam com a sua torcida, outros iniciavam uma briga no meio de campo. Gardena teria provocado a equipe do Santa Cruz, que não gostou e foi tirar satisfações. Quando a treta parecia resolvida, começou uma correria do lado de fora do campo. Jogadores e torcedores de ambos os times começaram uma briga generalizada nas arquibancadas. Depois de cinco minutos de uma sucessão interminável de cenas lamentáveis, os jogadores finalmente foram para o vestiário e os ânimos aparentemente se acalmaram.

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A briga começou no campo (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
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E foi parar nas arquibancadas. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com tudo sob controle, finalmente o Botafogo pôde comemorar seu épico acesso. O clube da Trindade foi de pior time da competição para finalista e garantido na elite de Florianópolis em pouco mais de um mês. O adversário na decisão será o River, do Rio Vermelho, que venceu as duas partidas contra o 100% E.C. Curiosamento, os dois times que caíram ano passado estarão de volta à Primeira Divisão no ano que vem.

Mais fotos da peleja:

Devido a outros compromissos, não poderei cobrir a finalíssima da Segundona – até porque o que importa já foi decidido. Dessa forma, me despeço de futebol florianopolitano nessa temporada. 2016 está logo aí e já nos primeiros meses teremos a Copa Interligas da Grande Florianópolis por aqui, com muitas novidades. Continue ligado e até lá!

(Não consegui fazer as fotos posadas, pois cheguei na cancha imaginando que a peleia começaria às 17h. Entretanto, o grande Celso Martins, do site Daqui na Rede, gentilmente cedeu as suas fotos dos times. Confira a cobertura que ele fez – com direito a menção a’O Cancheiro)

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4 comentários sobre “Botafogo empata com Santa Cruz e garante acesso à elite de Floripa de forma épica!

  1. Depois que foram para os vestiários os ânimos NÃO SE ACALMARAM.
    Jogadores do Santa Cruz quebraram o vestiário todo por dentro, foi registrado Boletim de Ocorrência na delegacia, e esse time de várzea vai ter que arcar com as consequências perante a JUSTIÇA.

    Curtido por 1 pessoa

  2. […] Na busca do bicampeonato – que seria o tri no geral – o Náutico manteve a base copeira da edição anterior e ainda foi ao mercado. Um dos principais reforços, o meia Gardena, fazia parte do elenco vice-campeão pelo Atlético, que perdeu a final para o próprio Náutico. Gardena, aliás, que foi um dos destaques do próprio Botafogo em 2015, naquela histórica façanha do acesso à elite – vale a pena ver de novo. […]

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