Salve, salve!
Está para nascer campeonato mais equilibrado e imprevisível que a Segundona do Municipal de Floripa. Disputado num formato de tiro curtíssimo, a edição de 2017 deu margem para mais uma grande façanha. O protagonista dela foi o Pântano do Sul e o capítulo final, o do acesso, se passou na Costeira do Pirajubaé, frente aos locais do Arsenal.



A campanha do time do Extremo-Sul da Ilha é algo surreal. Depois de perder nas três primeiras rodadas da primeira fase – de um total de cinco – o Pântano foi atrás de quatro pontinhos nas duas últimas e cavou um espacinho no G4 do Grupo B, deixando o Floripa e os vizinhos do Flamengo para trás. Na mesma chave, o Arsenal se classificou como vice sem sustos, sempre dividindo a ponta com o Vila Nova, também da Costeira.
Eis que chegam os mata-matas e o Pântano do Sul já abre as quartas goleando o Barrense, líder do Grupo A – um 3 a 3 na Barra da Lagoa garantiu a equipe nas semis. Dessa vez, o Arsenal teve mais trabalho e eliminou o Vila, dos Ingleses, uma das equipes que mais investiram nesse ano, após uma vitória uma derrota.
A jornada do Pântano pela Segundona lembrou bastante aquela campanha absurda do Botafogo, em 2015, que culminou no acesso à elite. Para o clube do Sul, pelo contrário, ainda faltava buscar a vaga dentro de campo. E a preleção do Pântano lembrou justamente da história do time da Trindade.


Depois de um empate no Remáculo Honorato da Costa, o embate de volta estava totalmente aberto. A vantagem, em caso de nova igualdade, era dos Gunners. Sabendo disso, quem começou em cima foi os visitantes. Aos 14, Mael descolou um belo lançamento para Kelvi, que, após dominar, levou um rapa do marcador – fazendo jus a um insuportável carro com sol alto, estacionado justamente atrás da goleira, que naquele exato momento tocava O Rappa. Na cobrança da falta, Cláudio Adão – que, ao contrário do seu xará famoso, não é centroavante – bateu em direção à meta, a bola foi desviada e quase surpreendeu o arqueiro Jé, que ainda contou com a ajuda do poste para salvar.


Os primeiros vinte minutos foram marcados por um jogo muito bom, com as esquadras rodando a pelota pelo excelente relvado da Costeira. Faltava aquele último passe ou uma infiltração para dar mais emoção à disputa. Quando conseguiu, Elivelton acabou ficando sem ângulo e mandou por cima a chance do Arsenal abrir o placar. A resposta do Pântano foi imediata: no ataque seguinte, Messan arriscou de longe, a bola foi desviada e por pouco não encobriu Jé. Na cobrança do tiro de canto, Cláudio Adão mandou na cabeça de Toledo, que subiu mais alto e, também contando com um desvio maroto, viu a bola morrer nos fundos da rede.



Tentando correr atrás do prejuízo, o Arsenal encontrou espaço pela esquerda, onde o lateral Fael subia com perigo ao ataque. Foi por lá que, mesmo desequilibrado, ele descolou um cruzamento quase que espírita, encobrindo o goleiro e caindo exatamente nos pés de Elivelton, mas a finalização saiu mascada. Já nos acréscimos, o Pântano respondeu com Kelvi, que avançou sozinho pela esquerda, mas foi fominha e, mesmo sem ângulo, tentou fazer o gol; dentro da área, implorando pelo passe, Lenilson estava livre, precisando apenas empurrar a bola para o gol vazio.

Mesmo com a mínima vantagem, o Pântano foi para o intervalo confiante. Nem mesmo a jogada desperdiçada no final abalou os ânimos do escrete, que estava a 45 minutos de fazer história. Do outro lado, nervoso, o Arsenal começou a etapa final pressionando, mas sem oferecer real perigo à meta de Matheus Vidal. Para piorar, André Luiz foi tentar sair jogando e deu nos pés de Lenilson; o atacante avançou aos trancos e barrancos, cortou um marcador, mas chutou em cima de Jé, que fechou o ângulo com maestria.


O Arsenal prontamente acordou e respondeu com Elivelton, que recebeu pela esquerda, driblou o goleiro, mas ficou sem ângulo e a marcação salvou em cima da linha. Logo depois, o centroavante arriscou de longe, mas Matheus Vidal salvou com as pontinhas dos dedos. Elivelton – sempre ele – ainda teve mais uma chance, em cobrança de falta, mas não contava com a tarde inspirada de seu algoz Matheus Vidal.

Do outro lado, o Pântano, já mais recuado, saía na velocidade de Piolho, egresso do banco, e Kelvi. Em um dos rápidos contragolpes, a equipe arranjou um escanteio. Na cobrança, Kelvi engatilhou um lindo voleio, mas não pegou em cheio; a bola ficou viva na área, teve um toque da zaga do Arsenal contra o próprio patrimônio, mas quem empurrou para as redes por último foi o zagueiro Bigu.

Para fechar o caixão, o Pântano aproveitou que a defesa rival estava ainda mais esgaçada e, novamente na base do contra-ataque, chegou ao terceiro: Piolho, livre, leve e solto pela esquerda, tocou no meio da área para Kelvi chegar batendo; a pelota ainda triscou a trave e foi morrer dentro da meta. Desnorteado, o Arsenal ainda ficou com um homem a menos. Jé foi tentar meter o louco e sair jogando, mas aplicou um carrinho no adversário e foi expulso direto – sem goleiro no banco, Gilmar assumiu o posto.





O apito final de Iziquiel Ninaus Ribeiro foi uma mera formalidade, pois toda a equipe e comissão técnica do Pântano do Sul já comemorava e façanha alcançada. A vitória selou o sexto jogo de invencibilidade e uma arrancada história, ascendendo o clube pela primeira vez à Série A e colocando o Extremo-Sul da Ilha no mapa da elite florianopolitana.




Galeria de imagens da peleja
O Pântano do Sul provou que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar e repetiu o feito de dois atrás do Botafogo. Curiosamente, ambos acessos foram contados por O Cancheiro. Domingo, na mesma praça esportiva, Vila Nova e Canasvieiras entram em campo para duelar pela outra vaga – dessa vez, com compromisso na Série C do Catarinense, o blog não poderá se fazer presente.
Aquele abraço, e faça como o Pântano do Sul, sempre mire o impossível!