Mas que tal!
Hora de tirar aquelas merecidas férias. O que não quer dizer, de forma alguma, que deixaremos de ter pelejas relatadas por esse sítio. Pelo contrário, Aproveitando as vacaciones, regressei às origens e tomei o rumo do genial Monumental do Cristo Rei, a cancha do Índio Capilé Aimoré, para uma belíssima jornada dupla. Abrindo os trabalhos, Novo Horizonte e Igrejinha duelaram pela partida de ida das quartas-de-final da Terceirona.



Cheguei com uma senhora antecedência ao João Corrêa da Silveira. Deu tempo de tirar uma soneca no concretão, trocar uma ideia com o delegado da partida – quando notamos a ilustríssima presença de Rodrigo Grahl entre os relacionados – e até ajudar o vice-tesoureiro do Igrejinha a procurar trevos de quatro folhas entre as entranhas do relvado capilé – e o pior: achamos!


A julgar pelo retrospecto, o Tricolor não precisa se prender à sorte. Os dois escretes chegam para essa fase com campanhas totalmente distintas. O Novo Horizonte, buscando colocar o futebol de Esteio no mapa, vem de uma batalha local contra os vizinhos do Sapucaiense, em território inimigo, de onde saiu vitorioso e classificado com o quarto posto do Grupo C. Na outra chave, o Igrejinha chegou à vaga, como líder, com uma certa antecedência.

Bagé x Três Passos, Grêmio x Rio Grande e Internacional x Gaúcho completaram o chaveamento das quartas. Mesmo com as duas últimas partidas acontecendo em simultâneo na Grande Porto Alegre, nem cogitei presenciá-las, por ser totalmente contra à bizarrice de colocar, da forma como foi, os times B da dupla – já passou da hora dos clubes e da Federação entenderem que o futebol gaúcho não gira só em torno dos arquirrivais da Capital.

As campanhas durante a Segunda Divisão – Terceira, na prática – apontavam para um franco favoritismo dos visitantes. A marcação alta, intensa e sob pressão do Novo Horizonte, entretanto, apontou a partida para outro rumo, contrariando todos os prognósticos a favor do Igrejinha.

Apesar de iniciar propondo as ações, a agremiação do Vale do Paranhana não conseguiu levar perigo ao arqueiro Ítalo. Do outro lado, os esteienses descolavam contragolpes fulminantes. No primeiro deles, Tuta chegou à linha de fundo, mas perdeu o ângulo e bateu sobre a marcação. Depois, foi a vez de Emerson, do alto dos 37 anos, escapar sozinho, vencer a marcação na corrida e ser atropelado exatamente sobre a risca da grande área – a princípio, Éder Zanella assinalou pênalti, mas o auxiliar, correndo em paralelo ao lance, o corrigiu, apontando ter sido fora. Na cobrança, a pelota foi amortecida pela barreira e ficou nos braços de Régis.


As melhores chances do Tricolor só aconteceram quando a equipe fez a bola chegar nos seus atacantes. Rodrigo Grahl, apagado até então, tentou duas vezes, ambas interceptadas. Quem teve as oportunidades mais claras foi Lucas Schulz: após receber um passe enfiado, ele foi travado no exato momento do chute por Joterson; depois, cabeceou sozinho, no segundo pau, mas Ítalo encaixou. Djoni também arriscou, o arqueiro espalmou e Jair quase aproveitou o rebote.


Após um primeiro tempo pegado, o Formigão de Esteio começou a etapa final com a mesma postura. Aos 10, Tuta aproveitou uma lambança da zaga igrejinhense, limpou do goleiro Régis e caiu; o juiz mandou seguir e a bola sobrou para Alisson, que também cortou o arqueiro, driblou a marcação, mas ficou sem ângulo e rolou para Emerson, que finalizou mal.


O primeiro tempo sem muitas emoções, aliado aos mornos primeiros 15 minutos da segundo, não davam a menor pista do que seria a meia hora final do jogo. Em sua melhor participação, Grahl recebeu pelo meio e colocou com maestria no ponto futuro para Pitoco. Com o atacante na cara do gol, Joterson armou o carrinho, mas errou o bote e acertou bola, jogador adversário e tudo. Penalidade que Grahl bateu firme, mas Ítalo pulou no canto certo e catou. No lance seguinte, o arqueiro pegou mais uma do atacante ex-Grêmio e Chapecoense, dessa vez à queima-roupa.



O negócio de Grahl, naquela tarde, era ser garçom. Após receber nas costas da zaga, ele descolou outro belo passe, dessa vez para Djoni chegar batendo firme, mas a bola caprichosamente carimbou o pé da trave. A pressão era toda por parte do Igrejinha, aproveitando que os guris do Novo Horizonte já não conseguiam empregar a mesma pegada. Foi quando brilhou a estrela de Ítalo, que pegou até a sombra.

Quando tudo levava a crer que a vaga nas semis seria decidida no Vale do Paranhana, o Novo Horizonte surpreendeu e abriu o marcador no Vale dos Sinos. Já eram decorridos 39 minutos, quando Alisson escapou sozinho, deixou dois marcadores para trás e foi derrubado por Roger. Pênalti bobo, já que o atacante havia perdido o ângulo, e justamente quando o Igrejinha era totalmente superior. Paulinho bateu rasteiro e foi para o abraço, bradando: “eu falei que ia fazer gol hoje!”. No lance seguinte, em cobrança de falta, Alisson também mandou a bola para as redes, mas pelo lado de fora.





Agora, o Igrejinha tinha cerca de dez minutos, contando os cinco de acréscimo, para fazer o que ficou devendo durante os outros 85. E, por incrível que pareça, conseguiu. Aos 47, depois de intensificar ainda mais a pressão, o Tricolor alçou uma bola na área, a zaga afastou, mas ela sobrou nos pés de Pitoco, que veio de trás e emendou firme para o gol, dando números iguais e finais ao confronto.




O empate no final foi um balde de água fria na esquadra esteiense, que ia levando uma excelente vantagem para Igrejinha. O Tricolor, por sua vez, acabou comemorando como se fosse uma vitória, já que um simples triunfo ou um 0x0 já garantem a classificação – e, caso Inter e Grêmio passem, o acesso antecipado.

A dupla Gre-Nal, aliás, saiu na frente jogando em casa. O Colorado, passando o rolo compressor nessa Terceirona, goleou o Passo Fundo por 4 a 0 em Alvorada. Já em Eldorado do Sul, o Grêmio venceu o Rio Grande pelo placar mínimo. No outro confronto que pode valer o acesso direto, o Bagé foi buscar uma excelente vitória em Três Passos.
Galeria
Desde já, ficamos na torcida para que Gaúcho e Rio Grande deem a volta por cima e consigam avançar para, aí sim, termos confrontos valendo as duas vagas na Divisão de Acesso. Sem programação para domingo, pode ser que uma das pelejas de volta pinte por aqui – antes disso, tem Série D no sábado.
Dale!