Metropolitano bate um aguerrido Guarani e é campeão estadual pela primeira vez!

O futebol de Santa Catarina respira! E nem estou falando daquele manjado futebol profissional, no qual até a primeira divisão tem seus problemas, que dirá as divisões inferiores. O verdadeiro esporte bretão reside naquele campo de bairro ou no estádio do time que leva o nome da cidade, e teve, nessa segunda-feira de finados, seu principal palco na pacata São Miguel do Oeste.

Clube Esportivo Guarani (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Time que começou jogando: Rudi; Marquinhos, Thiago Scalon, Bazotti e André Becker; Reiler, Rato e Jair Mueller; Lírio, Bocão e Luizinho. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Grêmio Esportivo Metropolitano (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Time inicial: Passarela; Neno, Cleiton, Willian e Ricardinho; Filipe Monteiro, Will, Dudu e Luan; Roger Gaúcho e Foguinho. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Findando a maratona de jogos, Metropolitano e Guarani entraram no campo do Estádio Padre Aurélio Canzi para decidir quem seria o grande campeão de Santa Catarina – o verdadeiro. Para azar da equipe da casa, foi a terceira partida em três dias (veio de uma goleada sobre o Grêmio Cachoeira e de vitória nas semifinais contra o América). O clube de Nova Veneza teve a sorte de estrear diretamente nas semifinais, quando eliminou o Atlético Itoupava. Acho que não preciso nem comentar sobre o quão ridículo foi o formato desse campeonato, fator criticado por vários dirigentes em suas passagens pelo Oeste.

Times perfilados para a execução do Hino Nacional. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Times perfilados para a execução do Hino Nacional. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Sabendo da importância da conquista, das dificuldades impostas e da força do adversário, a torcida migueloestina mais uma vez compareceu em peso para apoiar o Bugre. Cerca de 1500 torcedores tornaram o clima da partida inigualável, digno, no mínimo, de Série B profissional. Ao contrário das primeiras partidas, as arquibancadas contavam com mais camisas do Guarani do que de Inter e Grêmio.

Bola rolou para um sensacional público no Estádio Padre Aurélio Canzi. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Bola rolou para um sensacional público no Estádio Padre Aurélio Canzi. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com a bola rolando, os visitantes começaram melhor. Will, Luan, Foguinho e Roger Gaúcho formaram um interessante quarteto, deixando a defesa da casa em apuros diversas vezes. Will teve a primeira boa chance, após matar um magistral lançamento de Luan e chutar cruzado. Foguinho fez uma bela infiltração e rolou para Roger marcar, mas o bandeirinha já havia assinalado um impedimento duvidoso. Ambas as jogadas aconteceram antes dos 10 minutos e pelo lado esquerdo da defesa do Guarani.

Foguinho infernizou a defesa do Guarani. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Foguinho infernizou a defesa do Guarani. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Quando se acertou em campo, o Bugre não deu mais espaços e equilibrou a peleia. Bocão arriscou vários chutes de longe, mas nenhum encontrou o caminho do gol. Estava começando a se desenhar o cenário da partida: o Guarani atacando de todas as formas e a bola teimando em não entrar. Fato que se deve, principalmente, ao goleiro Passarela, dono de uma das melhores atuações de um arqueiro que já vi. Aos 22, ele foi buscar uma bola ângulo, chutada do meio da área por Rato.

Foi quase impossível romper a barreira imposta pelo goleiro Passarela. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Foi quase impossível romper a barreira imposta pelo goleiro Passarela. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Do meio da primeira etapa em diante, só deu Guarani. Luizinho, o melhor jogador do campeonato até aquele momento, também teve suas chances. Aos 35, ele avançou em meio a três marcadores do Metropolitano e poderia ter cavado um pênalti, mas preferiu acreditar na jogada e finalizar para fora, sem ângulo. Logo depois, ele avançou com velocidade e rolou para Bocão chegar chutando; a bola tinha endereço certo: o ângulo, mas Passarela estava lá para catar. Lírio, outro grande destaque da equipe da casa, também abusava da sua velocidade para chegar à linha de fundo e cruzar, mas a defesa sempre afastava ou a finalização era defendida pelo seguro arqueiro, assim como em um rebote de escanteio em que ele bateu à queima-roupa.

Chute certeiro, espalmado por Passarela. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Chute certeiro, espalmado por Passarela. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Pela primeira vez nesse campeonato, o jogo ia para o intervalo zerado. Poderia ser uma demonstração de nervosismo ou de uma postura mais defensiva das equipes, mas a verdade é que a primeira etapa foi muito boa e aberta. Os zeros não saíram do placar devido às interferências dos goleiros.

Will foi outro destaque do Metrô na primeira etapa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Will foi outro destaque do Metrô na primeira etapa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Mas foi só a bola rolar para a segunda etapa que o placar foi inaugurado. Inexplicavelmente, o Guarani se jogou ao ataque, no primeiro lance, e deixou a defesa toda aberta. Prato cheio para o infernal Foguinho avançar sozinho até a pequena área e finalizar no pé da trave; a pelota foi morrer no fundo das redes do goleiro Rudi.

O gol foi tão rápido que nem deu tempo de eu entrar no campo, depois do intervalo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
O gol foi tão rápido que nem deu tempo de eu entrar no campo, depois do intervalo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Depois do gol, o segundo tempo foi praticamente todo disputado no campo de ataque do Guarani. A peleadora equipe da casa pressionou, mas, em alguns momentos, faltaram pernas. Luizinho, com seus 34 anos, havia corrido quase um jogo e meio e feito três gols nas duas primeiras partidas, motivo pelo qual não conseguia fazer muita coisa e foi substituído. Enquanto isso, o Metropolitano descansado abusava de perder gols em contra-ataques.

Luizinho foi um guerreiro em campo, mas não suportou a maratona de jogos.(Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Luizinho foi um guerreiro em campo, mas não suportou a maratona de jogos.(Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Aos 17, uma confusa jogada rendeu uma expulsão para cada lado. Ruim para o Metrô, que perdeu Foguinho, sua principal arma em contra-ataques. O Guarani, agora com um pouco mais de espaço, seguiu peleando pelo gol de empate. Lírio, jogando como se não tivesse entrado em campo nos dias anteriores, encontrou Marquinhos pela direita; o lateral bateu a poucos metros do gol e a bola explodiu na trave. Já estava começando a virar roteiro de filme, daqueles diretores que pouco se importam com a emoção de seus espectadores.

Balaço que explodiu na trave. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Balaço que explodiu na trave. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Lírio continuou sua senda de jogadas pela linha de fundo. Aos 20, ele encontrou Jair Mueller, que chegou batendo forte, mas Passarela espalmou novamente. Aos 23, ele encontrou Eneias livre, com todo o espaço para apenas escorar a bola para o gol, mas a cabeceada saiu completamente torta, levando a torcida – e o fotógrafo-torcedor aqui – ao delírio. Jair Mueller também teve suas chances em cobranças de falta e chutes de longe, mas estava escrito que nenhuma bola passaria pelo goleiro Passarela naquela cinzenta tarde.

Eneias teve tudo para fazer o gol de empate, mas errou o cabeceio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Eneias teve tudo para fazer o gol de empate, mas errou o cabeceio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Para complicar ainda mais, o goleiro Rudi, dono de uma atuação muito boa até então, não conseguiu encaixar uma cobrança de falta e a bola sobrou para o oportunista Roger Gaúcho matar. Agora, assim como na final da Fase Oeste, o Guarani necessitava de dois gols. A pressão se intensificou, mas o peso de quase 270 minutos de futebol em três dias começou a bater mais forte.

Além da ótima atuação, Passarela catimbou bastante. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Além da ótima atuação, Passarela catimbou bastante. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Mesmo assim, parecia que o filme ia se repetir – para desespero dos torcedores com problemas cardíacos. Isso porque, como acontecera contra o Cometa, o Bugre marcou aos 44 do segundo tempo. Rato aproveitou uma sobra da defesa e apareceu na frente do goleiro para marcar. O problema é que, ao contrário do domingo passado, em que estava descansado, o Guarani não teve mais pernas para chegar ao segundo gol e ainda cedeu um último contra-ataque a Filipe Monteiro, que não desperdiçou.

Rato marcou o gol de desconto, que parecia repetir o roteiro da final da Fase Oeste, contra o Cometa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Rato marcou o gol de desconto, que parecia repetir o roteiro da final da Fase Oeste, contra o Cometa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O terceiro gol selou o inédito título para a equipe de Nova Veneza. De certa forma, o título fica marcado pelo insensato formato do campeonato, já que o Metrô pegou uma equipe praticamente sem condições de jogar nos 20 minutos finais. Para a história, fica o quarto título seguido de uma equipe do Sul, além da bravura de um time, considerado o orgulho de sua pequena cidade. Todo o elenco do Guarani foi aplaudido de pé por seus torcedores e pelos campeões.

Torcida aplaudiu de pé a bravura do Guarani. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Torcida aplaudiu de pé a bravura do Guarani. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O balanço do campeonato não poderia ser tão positivo. Foram 16 gols e uma excelente média de 4 por partida. Quatro jogos excelentes, seja no nível técnico, quanto na garra empenhada pelos jogadores. No final das contas, ganhou o time mais bem estruturado, com um elenco mais completo e entrosado, e que soube aproveitar as condições para jogar melhor e vencer a final. O Guarani, entretanto, sai de cabeça erguida, pois fez seu melhor e quase conseguiu o que seria um feito heroico.

Jogadores comemorando com torcedores e dirigentes que vieram de Nova Veneza. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Jogadores comemorando com torcedores e dirigentes que vieram de Nova Veneza. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Vale destacar que, no que se trata de organização por parte dos anfitriões e dos representantes da FCF no Oeste, tudo funcionou da forma correta. O grande problema foi o formato do torneio, que deverá ser repensado para as próxima edições. Caso contrário, há o risco de equipes perderem o interesse pela competição.

Em meio ao seu discurso, o presidente do Guarani foi bem enfático ao falar sobre o péssimo formato do Estadual. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Em meio ao seu discurso, o presidente do Guarani foi bem enfático ao falar sobre o péssimo formato do Estadual. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A expressão de Rudi diz tudo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
A expressão de Rudi diz tudo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Dessa forma, me despeço de São Miguel do Oeste ainda sem palavras para agradecer toda sua receptividade. Por ter muitas características do Rio Grande do Sul, me identifiquei com o povo de lá, de modo que, nos minutos finais da partida, acabei virando um torcedor dentro de campo. Só tenho a agradecer aos dirigentes do clube e das equipes visitantes, pela recepção e por ajudarem na divulgação do blog, e à estadia sem igual na casa da família da querida Ana Trentin.

As doze horas de viagem ganharam uma interessante acompanhante. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
As doze horas de viagem ganharam uma interessante acompanhante. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Mais fotos:

Depois de toda essa jornada pelo oeste catarinense, que contou até com uma cobertura inesquecível de um jogo do River Plate, voltamos à depressiva realidade da Grande Florianópolis. Para as próximas semanas, campeonatos novos pintarão por aqui: semana que vem no Vale do Itajaí e depois no Sul de Santa Catarina. Até lá!

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5 comentários sobre “Metropolitano bate um aguerrido Guarani e é campeão estadual pela primeira vez!

  1. […] Quis o destino que o adversário dos brusquenses na final fosse outro Metropolitano. Esse, o de Nova Veneza, ainda não se aventurou no futebol profissional, mas no amador empilha título atrás de título, numa disputa ferrenha com o rival Caravaggio. Aliás, caso vencesse, o Metrô voltaria para casa com a disputa em títulos estaduais do Clássico da Polenta desempatada. Ambos possuem um título até hoje: Caravaggio em 2013 e Metropolitano em 2015 – O Cancheiro esteve lá no Oeste e deu sorte para os neovenezianos. […]

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