Ô, mô quirido!
No último sabadão a pelota voltou a rolar pelos gramados da ilha da velha figueira onde a tarde fagueira. Foi no norte desse pedacinho de terra perdido no mar, no Santinho, que foi realizada a cerimônia e dado o pontapé inicial da edição 2018 do Municipal de Florianópolis. Frente a frente, os dois atuais campeões manezinhos: o Náutico, da primeira divisão, e o Vila Nova, da segunda.



Em sua quarta edição aqui no blog, o certame, organizado pela Liga Florianopolitana de Futebol, vem com novidades. Apesar de não haver rebaixamento na última temporada, Botafogo, Campinas e União – times que costumeiramente apareciam por essas páginas – não se inscreveram e abriram espaço para os ascendidos Vila Nova e Pântano do Sul, além do convidado Arsenal, terceiro colocado da última Segundona.




Uma dessas novidades vem da Costeira do Pirajubaé e chega empolgado à elite. O Vila Nova, campeão da terceira divisão em 2012, vinha batendo na trave desde então por um novo acesso. Até que ano passado o time venceu a concorrência, montou um baita elenco com figurinhas carimbadas da elite e conquistou o título de forma invicta. Alguns desses nomes, como o capitão Leandrinho e o atacante Neném, ambos com passagens marcantes pelo Grêmio Cachoeira, seguiram na Costeira.

O clube do Santinho, por sua vez, não conseguiu manter o timaço que fez história ano passado. Além de levar o caneco da Interligas, o Náutico protagonizou aqueles que provavelmente foram os melhores jogos do amador em 2017: a eliminação no Estadual para o América de Joinville e a conquista do tri do Municipal sobre o Grêmio Cachoeira. Contra o próprio rival do Norte da Ilha, aliás, o Náutico foi derrotado na final da Interligas, há duas semanas, e ficou sem o bi.

Passado todo o atrasado cerimonial de abertura, quando a bola enfim rolou, a diferença de tradição não adentrou o gramado do Jair Antônio Alves. O Vila Nova não se acanhou e foi para cima. Depois de rondar a defesa adversária por dois minutos, Leandrinho recebeu na entrada da área, bateu rasteiro e contou com a ajuda do gramado para vencer o arqueiro Gabriel e marcar o primeiro tento do certame.

O jogo seguiu aberto, lá e cá, e tardou apenas cinco minutos para que o Náutico reativasse a igualdade no placar. E foi com um golaço. Na base da individualidade e da genialidade, o camisa 10 Jube costurou a defesa, driblou três marcadores e garantiu espaço para cruzar de cavadinha, de canhota, na medida para Willian chegar finalizando de primeira, com a parte interna do pé, no alto e sem chances para Matheus Vidal.



Nesse ritmo, o primeiro tempo seguiu eletrizante. Gabriel, aos 14, fez milagre em um cabeceio de Neném, à queima-roupa, e ainda contou a sorte no rebote, já que o atacante pegou meio que no susto e mandou por cima. Aos 20, foi a vez de Neném ajeitar para Douglas soltar um petardo da entrada da área; Gabriel tirou com o olho. O arqueiro voltou a fazer milagre após um pombo sem asa disparado por Juninho, aos 27. O Náutico não ficou para trás e igualou o número de finalizações principalmente com os arremates perigosos de Jube.

Após um belíssimo primeiro tempo, os locais mantiveram a postura ofensiva nos 45 minutos finais, enquanto o Vila Nova aos poucos ia sentindo o físico e se contentando com o empate. Ainda assim, Gabriel teve que seguir se virando sob os arcos para manter o resultado. Aos 11, Pedrinho alçou na área e Leandrinho cabeceou como manda o figurino, buscando o canto, mas parou no arqueiro do Santinho.


Com a entrada de Jan na vaga de Tainha, o Náutico ganhou em técnica no meio da cancha e passou a cadenciar a partida. Aos 25, Jube, numa tarde inspirada, voltou a buscar o jogo pela esquerda e bateu firme para a defesa de Matheus Vidal; no rebote, com o gol aberto, Matheus Almeida foi travado na hora H por Gabe.

Enquanto o sol caía no Santinho, findava a belíssima tarde e dava espaço para um frio descomunal, o Náutico seguia pressionando pela virada. Aos 40, um lance inacreditável deixou claro que o placar não voltaria a ser mexido. Jube e Jan foram para uma cobrança de falta frontal; o primeiro bateu na barreira, enquanto o segundo pegou o rebote de primeira, a bola foi desviada, bateu no travessão, nas costas de Matheus Vidal e caprichosamente se perdeu em linha de fundo.

O empate, disposto a persistir até o final, ainda venceu o ritmo frenético da partida até nos acréscimos. Aos 48, Vini decidiu resolver sozinho: roubou a bola lá atrás, atravessou todo o campo deixando a marcação para trás e arrematou firme, no alto, para excelente defesa de Matheus Vidal. No lance seguinte, Vini voltou para salvar lá atrás: Gabriel se complicou com a bola no pé, Neném roubou e, sem ângulo, bateu para o gol vazio, mas não contava com o carrinho salvador do incansável zagueiro.



O empate, no final das contas, ficou de bom tamanho pelo futebol produzido pelas duas equipes durante os 90 minutos. O resultado, porém, poderia ter sido um pouco mais gordo, não fossem as atuações brilhantes dos guarda-metas e a sorte que não sorriu para nenhum dos lados em especial.
Mais lances do jogo (a galeria completa será postada na página do blog no Facebook. Curta lá, ô istepô!)
Também no final de semana, o River atropelou o debutante Pântano do Sul e o Grêmio Cachoeira bateu o Cruz de Malta. Os dois últimos, aliás, serão os próximos adversários de Vila Nova e Náutico. O clube da Costeira do Pirajubaé estreia em casa, no próximo domingo, contra o Tricolor da Cachoeira do Bom Jesus. No mesmo dia, os do Santinho dão prosseguimento a sua caminhada pelo tetra no Rio Tavares.
No próximo final de semana, também, o blog volta o foco ao futebol profissional, com o pontapé inicial da Série C do Catarinense. Isso não quer dizer, por supuesto, que viraremos as costas para o amador. Além da Liga de Florianópolis, outras tantas darão as caras por aqui nesses meses que restam a 2018 – além, é claro, do Estadual de Amadores, com a presença do florianopolitano Grêmio Cachoeira.
Abrazo!