Salve, salve!
Em mais uma passagem por São Paulo, O Cancheiro não poderia regressar sem conferir ao menos uma peleja. Depois de abreviar a visita ao encontro de colecionadores no Pacaembu, tomamos rumo a Guarulhos para aquela que já é a cobertura mais aleatória – e, nas mesmas proporções, genial – em dois anos de blog. Ao lado do Lago dos Patos, FOGO NA BOMBA e CAPIM MALUCO adentraram o sintético do Estádio Cícero Miranda para duelar pelo caneco da Divisão Especial.


Os nomes dos times em caixa alta não é à toa. Criatividade – e sugestividade – foi o que não faltou para ambos. Em tempos de equipes genéricas ou com nomes non-sense – vide varzeanos como “Bar Sem Lona” ou “Galáticos” -, a final guarulhense foi um colírio para os olhos dos adeptos das alternatividades no futebol. Aliás, várzea é o que passa bem longe desse duelo, já que marcou a decisão do mais importante certame de Guarulhos, cidade que, nos últimos anos, vem logrando um protagonismo no futebol amador em nível federado.


É da cidade do Aeroporto de Cumbica, por exemplo, o único paulista campeão do Torneio Sul-Brasileiro na história. O Vasco do Jardim Paraíso, em sua passagem meteórica de seis anos pelo futebol guarulhense, copou simplesmente tudo o que tinha ao seu alcance. Para quem não lembra, ou não acompanhava, o blog esteve presente na conquista desse título nacional, que ficou marcado como um dos últimos capítulos da história sensacional da equipe. Após desbancar os times do Sul, o Vasco encerrou as atividades.
Muito provavelmente a façanha do time do Jardim Paraíso serviu de inspiração para Fogo na Bomba e Capim Maluco. Igualmente novas no cenário, as equipes vêm de um recente acesso à elite, onde se enfrentaram na final da Primeira Divisão – segunda, na prática – e deu Capim. Mesmo como novidades, os dois times chegaram invictos à final.


O clima que pairava sobre a praça esportiva da Vila Galvão compensou toda a medonha tarde garoenta de sábado. Ao chegar no Lago dos Patos, já foi possível avistar o gramado do Cícero Miranda, estádio que já era um dos objetivos do desde sua aparição no Jogos Perdidos, há quase dez anos. Com a arquibancada lotada, embalada a muito samba e a cânticos de ambas torcidas, até o atraso de uma hora e meia para o pontapé inicial ficou em segundo plano.

Quando a bola enfim desfilou sobre o tapete, o que se viu foi um jogo muito veloz, mas bastante truncado e carente de criatividade de ambos os lados. Jogando no 4-3-3 tradicional, Fogo e Capim praticamente se anulavam em campo. Tanto é que só foi registrada uma chance clara de gol para cado lado: aos 15, Rogerinho cobrou uma falta no alto, mas Borges espalmou; já próximo ao intervalo, Boi cabeceou entre dois marcadores, mas a bola foi desviada.

Após o intervalo, pouca coisa mudou. Enquanto as torcidas faziam sua parte, mesmo embaixo de uma garoa cada vez mais forte, os times seguiam sem conseguir colocar a bola no chão. Até que, quando a chuva enfim caiu, ela veio para apagar de vez o Fogo na Bomba. Aos 24, após uma saída errada do time aurinegro, Higo pegou pela direita, foi cortando para dentro até ter condição para finalizar; o chute saiu meio mascado, mas o suficiente para fazer a bola morrer lá no cantinho, de forma inalcançável para o arqueiro Borges.

Era a fagulha que faltava para o jogo finalmente pegar fogo. Já no lance seguinte, Mota subiu sozinho para cabecear, e quase empatou. Aos 30, Pezão deixou o banco de reservas para entrar com tudo: em seu primeiro toque, ele recebeu pelo meio da cancha, foi para dentro da marcação, mas bateu no meio do gol, facilitando a vida do goleiro Gustavo. Pouco depois, Pezão teve nova chance, dessa vez após cruzamento de Romerito, mas testou por sobre a meta.

A pressão do Fogo na Bomba, aliada à torcida cada vez mais inflamada, esquentou ainda mais os últimos minutos. Em um lance inacreditável, após cobrança de escanteio, Henrique salvou em cima da linha o que seria o gol de empate; no rebote, Romerito pegou de primeira, da entrada da área, mas a bola explodiu na marcação e, após um bate e rebate insano, voltou para o próprio Romerito chuveirar na área e a defesa enfim afastar a bronca, findando o bombardeio do Fogo. No contra-ataque, Neizinho serviu Higo, em totais condições de ampliar e colocar as duas mãos na taça, mas a finalização de cavadinha passou raspando a trave direita.

A chance desperdiçada acabou nem fazendo falta, pois logo depois veio o apito final do árbitro, dando início a uma grande festa. Não faço a menor ideia de quando ela terminou, visto que, segundo um membro da comissão técnico do Capim, os festejos do título do ano passado duraram três dias!

Galeria de fotos do jogo
A festa, que rendeu uma galeria à parte
Como finalistas, os dois times tem direito às vagas da ULAFA no Amador do Estado. O Fogo já confirmou, apesar da tabela da FPF não incluir nenhum clube de Guarulhos. Caso joguem, é bem possível que O Cancheiro volte a reencontrá-los, já que o torneio deverá aparecer por aqui em suas fases finais e nas últimas três edições ao menos uma equipe guarulhense chegou às semis.




Depois de fazer os devidos registros da comemoração e beber umas junto com os clubes – voltei de transporte público, que fique bem claro -, deixei Guarulhos com o dever cumprido. Foi meu quarto jogo, em minha terceira passagem pela cidade – por incrível e aleatório que pareça, O Cancheiro já conheceu mais estádios de Guarulhos do que aqui das vizinhas São José e Biguaçu somadas (!).

De volta à Grande Floripa, pretendo dar a atenção devida aos torneios locais e continuar focando no futebol amador – em paralelo, é claro, com a Segundona do Catarinense. Para os leitores de São Paulo, já adianto que logo logo estarei de volta.
Valeu e até uma próxima!
[…] volta a Santa Catarina, após um maravilhoso bate e volta a São Paulo, O Cancheiro decidiu fazer uma cobertura mais caseira. Com o Municipal de Florianópolis rolando a […]
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