Buenas!
De um lado a história viva, rica e presente em três cores que representam uma grande cidade. Do outro uma parceria aparentemente furada, mas que aos poucos foi se mostrando séria e competente. Os caminhos que levaram Blumenau e Curitibanos à grande final da Série C do Catarinense não se confundem em nenhum aspecto – a não ser, talvez, nas cores de seus fardamentos.



Enquanto um peregrina por Santa Catarina atrás de uma parceria para fazer futebol profissional, outro se mantém fiel a sua cidade e, mesmo passando por todo o tipo de empecilho em sua história, sempre conta com abnegados dispostos a reerguê-lo. O primeiro enfim fincou sua bandeira em um município carente de futebol e contou com todo o apoio da comunidade local. O segundo segue galgando retomar sua rica história em um território bipolar, onde as pessoas trocam de time como quem troca de calça.

Debutando no futebol profissional, Orleans recebeu o Curitibanos de braços abertos. Com uma absurda média de público – proporcionalmente a melhor dessa Terceirona -, o clube demorou a se encontrar no campeonato, mas, quando o fez, descolou uma arrancada histórica que culminou no título do returno e na vaga à decisão.

História bem diferente do Blumenau. O Tricolor outrora da Alameda se manteve mais regular durante todo o certame, mas dois tropeços na reta final acabaram com o sonho do título direto, sem a necessidade da final. A superioridade foi tamanha que, no confronto direto, o BEC conseguiu ser a única equipe a derrotar o CEC no returno, com um sonoro 5 a 0. Relembre as campanhas das duas equipes.

Já no primeiro jogo da decisão, dois gols para cada lado e igualdade para o jogo de volta. Enquanto um entraria em campo embalado, o outro jogaria com toda a pressão da história e do SESI lotado nos ombros. Ou seja, assim como no retrospecto recente e no histórico de suas agremiações, Blumenau e Curitibanos também fariam a final em situações distintas. E esse foi o primeiro ingrediente do grande jogo que estaria por vir.


Foi justamente o CEC Orleans que começou propondo o jogo. Com menos de cinco minutos, o camisa 10 Higor Arroz já havia finalizado duas vezes com perigo, ambas defendidas por Bruno Rocha. Jogando de forma aberta e franca, o CEC aos poucos foi dando espaço para o BEC. Maurílio teve a primeira grande chance, espalmada por Kanan. Logo depois, aos 9, Julinho mandou a pelota na área, Lucas Vaz desviou e ela bateu no ombro de Marcelo Sampaio. No entendimento de Bráulio da Silva Machado, pênalti. Lucas Souza foi para a cobrança e converteu.



Apesar do baque inicial, os orleanenses não baixaram a guarda. No lance seguinte ao gol, Higor Arroz pegou na veia, lá da intermediária, e quase encobriu o arqueiro blumenauense. A resposta veio com Lucas Vaz, que foi para cima da marcação, pedalou e bateu forte para mais uma defesaça de Kanan. O arqueiro, também conhecido como Índio, ainda salvou com os pés em uma finalização sem ângulo de Lucas Souza e, como um verdadeiro líbero, saiu do gol para cortar um passe de Miller para Lucas Vaz, que seria fatal.


Quando já eram decorridos 45 minutos, ninguém imaginava o que o sensacional primeiro tempo ainda reservava aos presentes. Miller, até então meio apagado, fez uma baita jogada pela esquerda, pedalou para cima da marcação e foi à linha de fundo, de onde rolou com maestria para Maurílio, que só teve o trabalho de empurrar para a meta. No último lance, em uma falta no meio de campo, a bola foi lançada à área de forma despretensiosa, mas Bruno Rocha saiu mal – naquela que foi sua primeira falha no campeonato – e ela ficou pipocando na área, só esperando o toque do bico da chuteira de Higor Arroz para morrer no fundo das redes.



Assim como o CEC rapidamente correu atrás do prejuízo após sofrer o segundo, da mesma forma a equipe entrou ligada na segunda etapa e buscou o empate. Danilo invadiu a área pela direita, em diagonal, e bateu firme e rasteiro, mandando por baixo de Bruno. Dessa forma, a partida se encaminhava para a prorrogação.

Foi aí que o Blumenau partiu para o desespero. Com a torcida já cobrando raça, até os zagueiros foram se aventurar no ataque. Aos 20, Fugão cruzou, a bola atravessou a área e surgiu limpa para Alex mandar no pé da trave. Pouco depois, Lucas Souza pegou de voleio da entrada da área, assustando o arqueiro Índio. O CEC respondeu com Higor Arroz, em cobrança de falta que tirou tinta da trave esquerda.

Jogando de forma simples, organizada e sem perder o controle, o Curitibanos foi se segurando para, ao menos, levar o jogo para a prorrogação. Quando saía para o ataque, entretanto, levava perigo. Foi assim que o time de Orleans começou a tomar gosto da partida, até que, aos 35, aconteceu o lance capital da decisão. Em cobrança de escanteio, após uma sequência de bolas paradas perigosas, Bruno saiu socando a pelota e, para sua infelicidade, acabou acertando o braço de Evandro. Dentro da área, Bráulio não quis saber se houve intenção ou não e apontou para a marca da cal. Léo Sorriso tomou toda a responsabilidade para si, partiu para a cobrança e, apesar de mandar no cantinho, não contava com a redentora defesa de Bruno, que se espichou para salvar com a pontinha dos dedos.



Se os visitantes não haviam sentido os dois gols sofridos, o pênalti perdido, todavia, foi um balde de água fria e tanto. Para piorar, aos 40, em nova jogada ofensiva protagonizada pela dupla de zaga, Alex escorou para Fugão cabecear no ângulo, mas a defesa orleanense cortou; no rebote, a pelota sobrou à feição para Lucas Vaz pegar de direita, com ela ainda no ar, e desempatar a decisão.


Faltavam cinco minutos para a torcida blumenauense soltar o grito de “é campeão”, entalado na garganta há três décadas. O apito final de Bráulio de Silva Machado nem se fez necessário para irromper a festa no Complexo do SESI. Isso porque, aos 46, Miller aproveitou uma bobeada da defesa, aplicou uma caneta, bateu colocado na saída do arqueiro Kanan e correu para o abraço.

Mais fotos da finalíssima
Blumenauenses, carentes de times vitoriosos na história recente, vibraram como se fosse uma Copa do Mundo. Não talvez pelo tamanho da conquista no cenário estadual, mas sim por ver aquele velho e tradicional BEC de volta à ativa, dando alegria e enchendo de orgulho o seu povo.














Os orleanenses, por sua vez, voltam de Blumenau com o vice e, principalmente, com a certeza do sucesso que foi essa temporada-laboratório. O resultado dentro de campo talvez tenha ido além do esperado. Fora dele, o apoio local provou não ser impossível fazer futebol profissional em uma pequena cidade interiorana. Ano que vem, seja sozinho ou seguindo com a parceria com o Curitibanos, o Orleans deverá voltar aos gramados. O projeto, segundo o presidente Roberval Medeiros, é estar na elite em cinco anos. Se o projeto manter a seriedade apresentada em 2017, o glorioso campo do Conde ainda deverá ser palco de muitas glórias.
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Já para as bandas do Vale do Itajaí, o grande desafio do presidente Wanderlei Laureth e sua trupe é manter o bom trabalho que vem sendo realizado e não repetir a mais recente tentativa fracassada de retorno, quando o BEC acabou desistindo no decorrer da Segundona de 2015. O grande objetivo é recolocar o Tricolor de volta à elite, justamente no ano do seu centenário.
CEC e BEC protagonizaram a melhor Série C dos últimos anos. Se ambos projetos vão dar certo ou não, só o tempo dirá. A certeza é que O Cancheiro estará lá para acompanhar e relatar tudo o que se suceder dentro das quatro linhas.
Fica aqui meu agradecimento à receptividade que tive na passagem por Orleans e ao belo manto que me foi regalado por Fabiano Mattos de Lima e Roberval Medeiros, além da parceria de jogadores, comissão técnica e assessoria de imprensa do Blumenau.
Até a próxima!
[…] Depois de rodar por todo o Estado, passando por Imbituba, Canelinha e Indaial e ainda flertar com outros tantos municípios, o Curitibanos parecia enfim ter fincado raízes em solo paulopense, onde faz as vezes de mandante desde 2014. Ano passado, entretanto, surgiu uma parceria e a equipe jogou sob a denominação de CEC Orleans, mandando seus jogos na cidade do Sul do Estado. Com um trabalho diferenciado, o clube, gerido pelos orleanenses, alcançou um surpreendente vice-campeonato, perdendo o título e o acesso por detalhes, em uma dramática final contra o Blumenau. […]
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