Opa!
Seguindo em Jaraguá do Sul com nossas andanças – literalmente falando – deixamos o campo do Botafogo, onde o Concórdia massacrou o Jaraguá, e rumamos a pé ao destino da noite: o Estádio João Marcatto, a casa do tradicional Grêmio Esportivo Juventus. Por lá, sob um clima agradabilíssimo, o Moleque Travesso jaraguaense receberia o não menos tradicional Hercílio Luz.



Antes de qualquer certame ter seu pontapé inicial, ambas equipes naturalmente já são apontadas como favoritas. Nessa Série B de 2017, apenas o time do Sul vem correspondendo – e até superando – tais expectativas. Líder do primeiro turno, o Hercílio foi derrotado apenas uma vez e pode já encaminhar o título e a vaga nas semifinais nessa noite, dependendo do resultado paralelo entre Marcílio Dias e Guarani.


Na outra ponta da classificação, o Juventus vem sentindo a falta de experiência de seu jovem elenco e está penando para conseguir pontos. A única vitória do Moleque nem tão Travesso foi contra o frágil coirmão Jaraguá, na segunda rodada. Ambas os times jaraguaenses, aliás, estão brigando para não cair – a vantagem do Juventus é de apenas um ponto sobre o rival: 5 a 4. Com a chegada de Max e Dida, dois experientes jogadores identificados com o clube, esse panorama deve mudar para o returno.

Pelo fato de constantemente frequentaram o mesmo patamar no futebol catarinense, o retrospecto histórico entre Moleque Travesso e Leão é um dos mais ricos dessa Segundona. Ao contrário da recente fase, ele pende totalmente para o lado do clube do Norte. Segundo o Almanaque do Juventus, foram disputadas 22 partidas, com 16 vitórias jaraguaenses, dois empates e apenas quatro vitórias tubaronenses.

Contrariando a expectativa de seus quase 300 adeptos presentes no João Marcatto, o Moleque Travesso não começou a partida disposto a aprontar mais uma de suas sobre o esquadrão hercilista. Com um padrão mais defensivo, os anfitriões praticamente convidaram o Colorado a jogar no seu campo. Aos 2, o primeiro susto: Luizinho foi à linha de fundo e rolou para Luiz Meneses, mas a finalização saiu mascada.

Um torcedor atrás do gol de Dida resumiu bem o que foi a primeira etapa: “parece que só treinam chutão!”. Por mais que o arqueiro tricolor tentasse sair jogando, as opções eram escassas, restando meter o bico para a frente e ver no que dava. Como se houvesse uma parede imaginária construída exatamente sobre a risca do meio campo, a pelota chegava lá e era rebatida.


Foi assim que, se muitas dificuldades, o Hercílio armou vários ataques rápidos, com seus pontas e laterais se movimentando de forma frenética e Wellington Saci flutuando por trás. Aos 19, Bruninho cruzou e Saci chegou batendo, mas a zaga afastou. Quatro minutos depois, foi a vez de Luizinho arriscar, para defesa tranquila de Dida. Aos 30, o arqueiro local trabalhou novamente, dessa vez espalmando outra finalização de Saci.


Como se estivesse jogando no Aníbal Torres Costa, frente à sua torcida, o Hercílio Luz mandava no jogo. Aparentemente nervosa, a equipe do Juventus não conseguia trocar mais de três passes na meia-cancha. A torcida, que começou apoiando e cantando junto, já se mostrava impaciente quando, aos 45, Brener conseguiu chegar à linha de fundo e cruzar para Roni, que precisava apenas escorar para o gol vazio, mas furou. Apesar da colossal vantagem hercilista em finalizações – 7 a 1 -. a chance mais clara de gol, ironicamente, foi do Juventus.


Empolgada com o último lance do primeiro tempo, a torcida jaraguaense esperava uma mudança de postura do Tricolor na etapa final. Não foi o que aconteceu. À vontade na cancha adversária, o Colorado seguiu propondo ações. Isso até os oito minutos, quando Willian Kaefer recebeu o segundo amarelo por segurar Eduardo Person e matar o que seria um contra-ataque promissor.

A expulsão catalisou um novo e totalmente oposto panorama à partida. Já no lance seguinte, João Vitor, jovem volante pertencente ao Avaí, avançou com velocidade, penetrou a área e bateu cruzado para fora. Aos 16, após uma sobra de escanteio no meio da área, Alemão matou a bola, girou como um legítimo centro-avante e bateu cruzado, sem chances para Martins; a pelota ainda beijou o pé da trave antes de morrer no fundo das redes.


A partir de então só deu Juventus. O rápido Eduardo Person salvou uma bola que já parecia perdida pela linha lateral, deixou o marcador na saudade e saiu na cara de Martins, que fechou bem o ângulo e salvou – para os locais, o arqueiro saiu com força desproporcional e teria cometido o pênalti. Logo depois, João Vitor ganhou uma dividida na entrada da área e tocou para Person; desequilibrado, o 7 jaraguaense acabou isolando a chance de ampliar.


Com um a mais, tudo parecia sob controle para o Juventus. Isso até um novo lance capital mudar toda a história. Aos 30, Alemão acabou chegando atrasado numa dividida e também recebeu o segundo amarelo. Iguais em número de jogadores, o Leão voltou a se sobressair em relação ao Moloque Travesso. Na base do “tá ruim, mas tá bom”, o time da casa, com as três substituições já efetuadas e sem um zagueiro de ofício, ia se segurando como podia.

Foi o momento de brilhar a estrela do goleirão Dida. Ele foi no ângulo para buscar um chute colocado de fora da área. Logo depois, contou com a ajuda da defesa para pegar uma bomba de Baggio. Do outro lado, Derick aproveitou um contra-ataque para ficar cara a cara com Martins, mas recuou para o goleiro.

Para fechar o roteiro da partida com linhas cruéis para os locais, porém justas para os visitantes, aquela velha máxima do “quem não faz, toma” se fez valer. Já eram decorridos 48 minutos do segundo tempo quando Dida espalmou para escanteio uma bola que tinha destino certo, soltando suspiros de alívio da torcida. Reação que foi substituída instantes depois por um imenso e profundo desapontamento, quando Victor Hugo bateu o tiro de canto e Alessandro subiu mais alto para testar para o chão, fora do alcance de Dida, e empatar.

Ainda restou dois minutos para uma blitz final dos visitantes, que, a essa altura contando com a vitória do Guarani sobre o Marcílio Dias, acabaram não conseguindo a virada, mas deixaram o gramado com o gostinho da vitória. Isso porque o Leão joga a última rodada do turno em casa, contra o próprio Marcílio, necessitando de uma vitória simples ou um empate, caso o Guarani não derrote o Barra em Palhoça, para levar o caneco do turno. Ambas pelejas acontecem no domingo, às 15h30.
O Juventus também não tem muito o que reclamar desse resultado. Apesar de sua meia hora superior, quando podia ter matado o jogo e até goleado, o time de Jaraguá do Sul simplesmente deixou os visitantes mandarem na partida nos outros 60 minutos – mais os cinco de acréscimos – e escapou de sofrer um novo revés em casa. Buscando pontinhos essenciais na classificação geral, para afastar o fantasma do rebaixamento e poder sonhar na parte de cima, a equipe volta a campo também no próximo domingo, no Oeste, contra o Concórdia.


Se tudo der certo, o blog seguirá rumo ao Sul para acompanhar o duelo decisivo entre Hercílio e Marcílio. Caso contrário, ficaremos aqui pela Grande Floripa mesmo, onde o Guarani também tem plenas chances de copar o turno.
Antes disso, sábado nos reserva uma grande final. Além do título, Blumenau e CEC Orleans decidem quem fará companhia à maioria dos times acima citados na Segundona do ano que vem. O Cancheiro estará lá no Vale do Itajaí, onde tudo começou, para contar mais esse capítulo da história do futebol catarinense.
Até logo!
[…] de Mafra por 4 a 1. Nesse meio tempo, o Leão apareceu duas vezes aqui no blog como visitante, contra Juventus e Barra, e empatou ambas. (Foto: Lucas Gabriel […]
CurtirCurtir