Coé rapeize!?
Passado um semestre inteiro, a gorduchinha finalmente começou a rolar para valer nos gramados da Ilha da Magia. Abrindo os trabalhos de 2017 de forma oficial, o primeiro campeonato federado da Grande Floripa é a Segundona da Capital. Com direito a cerimonial de abertura e tudo, o confronto entre Barrense e Canasvieiras foi o destaque da tarde de sábado.



A saudade de cobrir peleias do amador florianopolitano era grande. Tanto é que enfrentei o sacrilégio de pegar três ônibus para chegar à Barra da Lagoa, mais precisamente ao Estádio José Severino Vieira, sede do tradicionalíssimo Barrense – já conhecia essa cancha, acompanhando o saudoso Desprovidos de Fama em suas andanças, mas é a primeira vez que ela pinta aqui n’O Cancheiro.
Tanto tempo de espera foi devido à demora para atender às novas exigências da CBF para clubes não-profissionais, tais como cada atleta ter liberação médica. Esse também foi o grande empecilho para a não realização da Copa Interligas, deixando um semestre inteiro sem amador. Mesmo com a parceria com uma clínica para baratear os custos, diversos clubes acabaram desistindo do Municipal, dando fim à Terceirona.
Divisão, aliás, que o Barrense jogaria, depois de um improvável rebaixamento na Segundona do ano passado. Mesmo com toda a tradição – bi da Copa Floripa e com participação no Estadual Amador – o clube da Barra da Lagoa ficou em nono, dois pontos atrás do próprio Canasvieiras, campeão da Terceirona no ano anterior.
Juntos, novamente, na mesma divisão, Barrense e Canasvieiras caíram no Grupo A, ao lado de Garcia, Entre Amigos, Vila e Bandeirante. Do outro lado, encontram-se Jurerê, Vila Nova, Pântano do Sul, Flamengo, Floripa e Arsenal. A própria decisão de separar o certame em duas chaves teve o intuito de reduzir os gastos, criando um campeonato de tiro curtíssimo – os eliminados na primeira fase terão disputado apenas cinco jogos.

Depois do interminável cerimonial de abertura, comandado pelo presidente Dequinha, a bola enfim rolou. Barrense e Canasvieiras, entretanto, não conseguiram suprir as expectativas da torcida presente, que se dividia entre assistir uma peleia pouca inspirada dentro da cancha ou ver pela televisão o MEU REAL aplicar um sacode na MINHA JUVE.

O primeiro tempo foi resumido em uma grande chance para cada lado: Téo, em um chute forte, obrigou o goleiro Murilo a espalmar e ainda cair sobre os pés de Maykon para salvar o rebote e evitar o primeiro gol do Canas; pelos donos da casa, Naércio tabelou com Guto e saiu na cara de Ticum, mas o arqueiro também saiu bem e garantiu o placar zerado na primeira etapa.


Ao passo que Cristiano Ronaldo e sua trupe iam garantindo mais um caneco sem graça lá em Cardiff, Caio e companhia tentavam se achar dentro do campo do Barrense. Após um primeiro tempo ligeiramente abaixo do adversário, o time local promoveu três trocas no intervalo. Dudu, Nathan e Onno entraram nos lugares de Rodrigo Ferreira, Thales e do presidente Thiago de Souza, respectivamente.


Tais substituições não acabaram surtindo o efeito imediato esperado. Pelo contrário: com menos de cinco minutos, depois de tanto rondar a área, o Canasvieiras descolou uma falta dentro da meia-lua; Hemerson bateu mal, mas a pelota caprichosamente encontrou uma brecha na barreira e, desviada, foi morrer no fundo do barbante.


Com o placar adverso, restava ao Barrense se jogar ao ataque, já que, como citado antes, a Segundona tem tiro curto e cada ponto é importantíssimo. Foi assim que, no lance seguinte, após boa troca de passes, Guto recebeu na entrada da área, cortou para a canhota, mas bateu à direita da meta. Aos 20, em outra jogada bem trabalhada, Eduardo escorou um lançamento para Coruja chegar batendo de fora da área, por cima do gol.

Mesmo com mais posse de bola, essas duas chances do Barrense foram basicamente as únicas para empatar. O time da Barra ainda colocou tudo a perder aos 36, em uma tremenda bisonhice protagonizada por sua defesa. O arqueiro Murilo recebeu uma bola recuada e foi tentar sair jogando, mas o atacante Téo, esperto, interceptou e só teve o trabalho de deslocar o goleiro para ampliar.

Enquanto Caio incansavelmente chuveirava a bola na área, mas ninguém conseguia desviar – nas contas do meia-atacante, foram uns nove cruzamentos -, o time do Norte da Ilha fechava ainda mais a casinha, colocando o defensor Andrei no lugar do atacante Thiaguinho e passando a jogar com três zagueiros. A tática deu certo e, por mais que o Barrense pressionasse no final, o placar não se alterou.

Galeria da peleia (mais fotos na página d’O Cancheiro no Facebook)
Depois da derrota na estreia, o Barrense vai ao Sul da Ilha buscar a recuperação contra o Bandeirante – confronto, aliás, que marcou a estreia do blog em partidas amadoras, quando ambos se encontravam na primeira divisão. Em casa, no Norte, o Canasvieiras recebe o Garcia, em uma partida que coloca frente a frente os campeões das últimas três edições da finada Terceirona – Canas em 2015 e Garcia em 2014 e 2016.
Em meio a uma bela agenda de futebol profissional, seguiremos achando brechas para incluir o amador na pauta – não só o de Floripa, que recém começa, como também os de Blumenau e Pomerode, já em suas fases finais.
Abraço, mô quirido!