Nada como uma tarde cinzenta e melancólica para fechar 2016. Na Ilha, outrora da Magia, o futebol amador chegou ao seu final nesse 17 de dezembro. Depois de quatro meses de bola rolando pelas canchas florianopolitanas, o último campeão amador de Santa Catarina do ano seria conhecido na Trindade, no acanhado campo da Gruta. Ou o local Atlético Catarinense faria mais de três gols de diferença e coparia o inédito título da Liga ou o Náutico, do Santinho, administraria o marcador e alcançaria o bi municipal.



A esquadra do Santinho chegou a essa excelente e, de certa forma, surpreendente vantagem ao golear na primeira partida, realizada em Santo Antônio de Lisboa. Por lá, no sintético do Avante, Cláudio e Bruninho, duas vezes, deixaram o Náutico com uma mão na taça.

Durante o campeonato, o Náutico teve uma campanha irrepreensível. Foi perder, entretanto, justamente quando não podia: no clássico do Norte da Ilha, contra o Grêmio Cachoeira, válido pelas semifinais. No tribunal, porém, deu Náutico. O zagueiro Nathan havia entrado em situação irregular na partida de volta. Obviamente, o time do Santinho exerceu seu direito e buscou a vaga na final via tapetão – o time da Cachoeira do Bom Jesus alega que não foi notificado sobre o julgamento.

Pelo lado do Galo da Trindade, a vaga na final veio sem maiores sustos. Nas quartas, deixou o Cruz de Malta para trás com um empate e uma vitória. Já nas semis, o Atlético deixou o Campinas sonhar com uma terceira final seguida ao perder no Campeche. Na segunda partida, sob seus domínios, deu a volta por cima e, de forma implacável, meteu 5×0.


Devido as suas dimensões mínimas, o campo da Gruta costuma pregar algumas peças nos goleiros. Como o toque de bola é prejudicado, os times apostam nas bolas paradas. Quem se valeu desse artifício primeiro, ao contrário do que se imaginava, foi a equipe do Náutico. Aos 5, Jube bateu de longe e quase surpreendeu o goleiro Juliano. Seis minutos depois, foi a vez do lateral Jean arriscar, obrigando o arqueiro a dar uma de Serginho, afastando de manchete. Ainda que parecesse inseguro no começo, Juliano viria a salvar o Atlético aos 14, quando Bruno Almeida saiu na cara dele, mas o goleiro mostrou reflexo e tirou com o pé. Só dava Náutico.

Quando enfim o Atlético caiu na real e lembrou que precisaria fazer no mínimo três gols para sonhar com o inédito título, a bola parou na trave. Verruga, aos 26, desviou no primeiro pau, mas o goleiro Gabriel salvou de forma milagrosa; a bola ainda bateu no poste e saiu. 15 minutos depois, Osvaldo arriscou de entrada da área e mandou por cima. O placar só saiu do zero no último minuto do primeiro tempo – quando o relógio já batia a casa dos 48 minutos de jogo. Se valendo da pressão exercida nos últimos minutos, Biel mandou uma cobrança de lateral na área; a pelota rebateu e sobrou na medida para Felipe Gardena pegar na veia, sem chances para Gabriel.


O segundo tempo, ao contrário do que se espera de uma final, não foi tão movimentado quanto o primeiro. Mais uma vez o Náutico soube aproveitar as dimensões do campo e armou uma defesa bem fechadinha, praticamente instrasponível. Novamente, a bola parada foi a saída encontrada para chegar à meta adversária. Aos 15, Osvaldo foi derrubado na meia-lua – até chegou a cair dentro da área, mas o juiz acertadamente marcou apenas falta. Na cobrança, Biel bateu bem, mas Gabriel voou para espalmar. O Náutico respondeu aos 20, em chute cruzado de Mano.

Para dar uma compensada e abrir mais espaços em campo, Filipe de Souza tratou de expulsar um de cada lado depois dos 30. O primeiro foi Jean, do Náutico. Após muita confusão e ameaças da torcida local, o lateral deixou o campo. Já no lance seguinte, Bly confirmou sua fama e deu uma segunda entrada dura no adversário e, dessa vez, não escapou do vermelho – a primeira, poucos minutos antes, já poderia ter rendido uma expulsão direta, mas o zagueiro foi poupado e recebeu apenas o amarelo.

Assim como no primeiro tempo, o Atlético voltou a exercer uma baita pressão no final da segunda etapa. Foi aí que brilhou a estrela de Gabriel, o jovem arqueiro do time do Santinho. Primeiro após outra boa cobrança de falta de Biel, em que novamente ele conseguiu espalmar para fora. Pouco depois, já nos acréscimos, salvou com os pés, garantindo o placar magro a favor do adversário. Justamente o que o Náutico precisava.

Findado o tempo regulamentar, novamente a taça da Liga Florianopolitana, ainda que sub judice, tomou o rumo do Norte da Ilha. Dessa vez, assim como em 2011, o Santinho a recebeu com carreata e tudo. Vale lembrar que Atlético e Náutico já voltam a campo no primeiro semestre do ano que vem, para a disputa da Copa Interligas.
Mais retratos da decisão
Festa do Náutico na Trindade


Assim como as equipes, O Cancheiro finalmente entrará de férias, já na contagem regressiva para o fim desse medonho ano de 2016. A final do Municipal de Floripa foi uma bela forma de encerrar a temporada – e, de quebra, compensar nossa falta na decisão do ano passado.


Um baita 2017 e logo logo estamos de volta! Abraço!
(Ainda que essa seja a despedida oficial desse ano, ainda estou devendo uma postagem. E não é qualquer post. É a final do Regional da LARM, o tradicional Clássico da Polenta, realizado no último dia 27. Devido a tudo que se sucedeu um dia após, o clima de festa e comemoração se perdeu completamente e o post acabou ficando escanteado. De toda forma, faltam alguns detalhes e, até o final dessa semana, o relato da mais um título do Caravaggio pintará por aqui, mesmo que seja apenas para registro).
[…] Foi nessa friaca absurda que o Botafogo estreou no certame, visto que o duelo contra o Campinas foi adiado para o feriado de 7 de setembro. O atual campeão Náutico, pelo contrário, debutou normalmente na primeira rodada, quando venceu o Cruz de Malta sem maiores dificuldades. Apesar de estar jogando na Trindade, os visitantes guardam boas recordações do campo da Gruta, pois foi lá que eles levantaram o caneco do Municipal do ano passado. […]
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