Hola!
A nossa peregrinação pelas canchas do futebol de ascenso da Argentina ganhou um destino surpreendente e um tanto imprevisível nesse sábado. Recém ascendido à próxima edição do Torneo Federal A, que começa apenas no segundo semestre, o Camioneros recebeu o Independiente de Chivilcoy em um duelo pra lá de perdido, válido pelas fases preliminares da Copa Argentina.



Ao contrário da maioria dos jogos da mesma fase, os confrontos entre os dois times da Província de Buenos Aires foram disputados apenas em março, a pedido do Camioneros – para a nossa sorte. No primeiro deles, disputado em Chivilcoy, a 170 quilômetros da Capital, melhor para o quadro rojo, que abriu uma excelente vantagem de 2 a 0.

Mesmo disputando os torneios do Conselho Federal, em sua grande maioria compostos por equipes do interior, o Camioneros é filiado à Liga Lujanense e tem sua sede na Gran Buenos Aires, no partido de Esteban Echeverría. A proximidade foi o fator determinante que obrigou o blog a estar presente no duelo – mas não foi tão fácil assim chegar na cancha, visto que um problema técnico no trem me fez pedalar os quase 20 quilômetros entre as estações Villa Elisa e Zeballos e chegar exatamente no horário marcado para a partida.
O suor valeu a pena. Além da chance única de ver um jogo da Copa Argentina, perderíamos o estádio lotado e a experiência de ver um clube sindical em um de seus maiores momentos da história. O Camioneros foi formado a partir de um dos maiores e mais representativos sindicatos da Argentina e tem como presidente honorário a figura de Hugo Moyano, um dos grandes nomes da atual política argentina e forte opositor do governo de Maurício Macri.

Em sua curta história pelo ascenso interiorano, o Camioneros acabou criando uma grande rivalidade com o Independiente de Chivilcoy. No acesso para o Federal A, há apenas três meses, o time da Gran Buenos Aires deixou o rojo para trás nas semifinais. Um ano antes, na mesma fase, havia sido a equipe de Chivilcoy que eliminara o Camioneros. Na própria Copa Argentina, na última edição, o Camioneros deixou o Independiente de Chivilcoy para trás e só foi eliminado nos pênaltis para o Independiente famoso, o de Avellaneda – clube que, vejam só como o futebol daqui é bizarro, é presidido pelo mesmo Hugo Moyano.

O duelo pela Copa Argentina, além do sonho de enfrentar os grandes do país, valia como um tira-teima entre as duas equipes. E já começou cercado de rivalidade, com sérias denúncias de favorecimento da arbitragem no jogo de ida, em Chivilcoy, que, de certa forma, mancharam a vitória roja por 2 a 0.

O episódio no primeiro jogo acabou refletindo na volta. Antes mesmo da bola rolar, no sorteio dos lados, já houve um estranhamento entre o arqueiro Leandro Evangilisti, do Camioneros, e a arbitragem. Dentro de campo, a equipe, desfalcada pelas expulsões de Benítez e Tello no jogo de ida, demonstrou um aparente nervosismo e, mesmo com maior posse de bola, pouco criou no primeiro tempo.

Logo no começo, para acirrar os ânimos dos locais em relação à arbitragem, De León invadiu a área e foi atropelado por Tumbesi, mas César Ceballos nada marcou. A melhor chance da equipe verde saiu alguns minutos depois, em um cruzamento de Jonathan Campo para o artilheiro Jorge González, que pegou de voleio e mandou rente ao poste.


Bem postado em campo, o Rojo conseguiu neutralizar as ações ofensivas dos locais e ainda levou algum perigo em arremates de longa distância. Assim, o embate permaneceu zerado até o intervalo. E foi justamente nesses quinze minutos de entretiempo que aconteceram as maiores emoções até então, determinantes para os 45 finais. Evangilisti, claramente transtornado, não poupou críticas à arbitragem e aos visitantes e, em meio a uma confusão, agrediu o técnico Alberto Salvaggio, do Independiente, que teve que sair de maca e ser atendido pelos socorristas presentes na cancha. O juiz César Ceballos viu tudo de perto e prontamente expulsou o arqueiro.


A vida do Camioneros, que já se mostrava complicada, ganhou contornos ainda mais dramáticos com a saída forçada do volante Lucas Parra para o ingresso do goleiro reserva Alejandro Gladiali. Com um a menos na meia cancha, a equipe de Guillermo Calleri seguiu sem criatividade e ainda sofreu com os contra-ataques do Independiente. O time dos Moyano até chegou perto de descontar em uma cobrança de falta em dois tempos de Campo, mas, tal qual à primeira etapa, não conseguiu balançar as redes adversárias e teve cessado seu sonho de repetir a façanha do ano anterior na Copa Argentina.

Do outro lado, os chivilcoyanos fizeram a festa em pleno campo rival, com suas dezenas de torcedores que viajaram a Esteban Echeverría. Para chegar à fase final e realizar o sonho de enfrentar um dos grandes – no caso, com o sorteio já realizado, o adversário seria o Argentinos Juniors -, o Rojo ainda tem pela frente mais uma etapa, dessa vez contra o San Jorge, da Província de Santa Fe.

Galeria de fotos do encontro
Ao que tudo indica, a fase final da Copa Argentina só será disputada após o Mundial da Rússia, justo quando O Cancheiro regressa ao Brasil. Uma pena, pois ela nos brindaria com jogos únicos, em campo neutro e com ambas torcidas, colocando frente a frente os times da elite com os de todos os diversos torneios que compõem o ascenso – exatamente metade dos 32 confrontos ocorrerão pela primeira vez na história.
Regressamos de Esteban Echeverría com o dever cumprido de incluir a Copa Argentina na pauta. E, já no domingo, lá fomos nós cobrir mais um torneio novo. Dessa vez, o destino foi o interior da Província de Buenos Aires, em uma peleja válida pelo Torneo Federal A. Confira no próximo capítulo todos os detalhes dessa nova jornada.
Saludos!