Buenas!
O Cancheiro finalmente chegou em La Plata, sua nova sede nos próximos cinco meses. Após rodar pelo ascenso metropolitano, é chegada a hora de conferir o futebol das ligas que formam o outro lado das divisões inferiores da Argentina, o lado do interior. A primeira delas, naturalmente, teria que ser a local, a Liga Amateur Platense, que conheceu seu primeiro campeão do ano no domingo. Frente à frente, em campo neutro, Everton e Brandsen duelaram pelo título da Copa de Campeones.



Tudo bem que La Plata não é nada interiorana, visto que fica a menos de uma hora da Capital Federal, porém o futebol liguista daqui lembra bastante nosso querido amador catarinense, também organizado através das ligas regionais. A grande diferença é que por aqui todo o sistema é integrado, de modo que o finalista Everton, por exemplo, disputa o torneio local em paralelo com o Federal C, a quinta divisão para os times não filiados à AFA, podendo chegar, no seu mais desvairado sonho, a uma primeira divisão nacional – fato que, a não ser que se pague as taxas de profissionalização e comece dos estaduais, é impossível para os clubes amadores brasileiros.


O torneio em questão, entretanto, não vale acesso nem rebaixamento, mas sim o título de campeão dos campeões de La Plata. A Copa de Campeones, torneio que abre o calendário do futebol platense, reúne todos os times que um dia já levantaram o caneco da Liga. Em sua quarta edição, o Everton busca o bicampeonato – o primeiro título veio em 2016, contra o Estrella de Berisso – e o Brandsen peleia pelo inédito troféu. Villa Montoro e CRIBA foram os campeões das edições de 2015 e 2017, respectivamente.

Enquanto o Everton é o segundo maior vencedor da Liga Amateur Platanse, com 15 títulos, o Brandsen tem apenas três, sendo que o último, em 2012, contou com a presença de nada menos que Juan Sebastián Verón, la Brujita, no elenco tricolor. Além disso, ambos tem participações no lendário Torneo do Interior, atualmente Federal C, com destaque para o acesso do Everton, em 2013.

Na atual edição da Copa, o Tricolor chegou a decisão após deixar Villa Montoro, Tolosano e Fomento Los Hornos para trás. O Decano, por sua vez, eliminou Unidos de Olmos, Villa Lenci e ADIP. O último, aliás, foi o time que cedeu seu estádio, o Olímpico de Villa Castells, para essa final em jogo único.

Diante da possibilidade de colocar mais uma estrela no escudo e ganhar confiança para a temporada, Everton e Brandsen fizeram um jogo bem franco e aberto. O primeiro chute foi do Tricolor: Chaparro mandou de fora da área e o arqueiro Mareco encaixou. Logo depois, aos 11, os do Barrio Aeropuerto responderam: Aguirre cruzou, Galarza arrematou para o gol, mas a bola rebateu e sobrou para Ferretti emendar de chilena, bloqueado pela defesa.


Com o jogo lá e cá, coube ao Brandsen aproveitar o momento e inaugurar o marcador. Após boa jogada pela esquerda, Castro ia adentrando a área quando foi derrubado por Garrido. O lance foi exatamente sobre a linha que demarca a área, mas a cal que subiu com a dividida flagrou a penalidade, sem restar dúvidas à arbitragem. Leonel Mansanta foi para a cobrança e não desperdiçou, colocando o Coronel na frente do placar.


Com a vantagem, aquela ofensividade vista nos primeiros minutos cedeu e o Everton aproveitou para pressionar. O Decano até conseguia criar bastante, mas sua linha de frente, nada inspirada, não correspondia à altura. Galarza e Roccuzzo, por exemplo, tiveram duas oportunidades claras, defronte à meta, mas em ambas pegaram mal de canhota e desperdiçaram. Também com o gol quase aberto para empatar, Rodríguez cabeceou sozinho e fez o mais difícil: carimbou as costas do único marcador entre ele e a trave.

Passado o intervalo, o Brandsen voltou disposto a se fechar totalmente na defesa e não dar mais brechas para tantos sustos como no primeiro tempo. Ainda assim, Roccuzzo achou um espaço para enfiar para Aguirre, que, cara a cara com o goleiro, chutou de bico e facilitou a vida do adversário.

Já que pelo chão o Everton não encontrava o caminho, a equipe passou a insistir nas bolas áreas, apostando na presença de área de Ferretti. O centroavante, entretanto, só conseguiu assustar e um cabeceio, tirando tinta da trave. Eficaz na defesa, o Tricolor não tinha o mesmo sucesso nos contra-ataques. Quanto mais passava o tempo e o Brandsen ia se aproximando da taça, maior era a pressão do Everton.

O alívio para os tricolores só veio após longos e sofridos cinco minutos de acréscimos. Com o apito final de Máximo Pereyra, a festa irrompeu o gramado, com direito a invasão e muita comemoração entre atletas e torcedores. A festa seguiu no vestiário com uma versão de Bella Ciao, um símbolo da resistência antifascista, entoada a plenos pulmões por todos os jogadores responsáveis por essa conquista histórica (vídeo abaixo). Toda a comemoração foi muito bonita, eufórica e etc. Mas faltou algo: a taça. Sim, a Copa foi celebrada sem a copa. Estranhamente e sem entendermos o porquê, não foi entregue o troféu em campo.

Galeria de fotos da grande final
Brandsen, que já na segunda-feira divulgou o novo escudo com uma estrela referente à Copa de Campeones, e Everton já partem em busca de um novo campeonato a partir da próxima semana, quando será dado o pontapé inicial para o Torneo Apertura da Liga Amateur Platense. Ambos jogam fora de casa: o Coronel contra o Peñarol e o Decano contra o Curuzu Cuatiá – lembrando ainda que o Everton segue vivo, porém com um elenco diferente, no Federal C e pega, daqui a duas semanas, o vencedor do duelo entre CRISFA de La Plata e Atlético Chascomús.
Já que o amador sempre foi um dos focos do Cancheiro no Brasil, nada mais justo do que incluir as ligas locais, com ênfase para a de La Plata, na nossa programação, além, é claro, dos geniais torneios federais.
Nossa jornada por La Plata está só começando! Abrazos!