Dale!
Para dar continuidade ao rolê por Brusque, O Cancheiro se dirigiu ao centro da cidade para marcar presença em mais uma estreia. Depois de conferir os débuts de Poço Fundo e Limeirense pelo Municipal, à tarde foi a vez de ver os primeiros passos de Paysandu e Olaria, da vizinha Guabiruba, na Copa Krona.



A peleia, válida pelo grupo A do certame regional da Liga Blumenauense, foi disputada no histórico Estádio Cônsul Carlos Renaux, o alçapão da Pedro Werner. Foi lá que o Paysandu construiu uma rica história no futebol profissional, com os títulos da Divisão Especial de Profissionais do Catarinense de 1956 e da Série B de 1986 – vaga posteriormente cedida ao Brusque Futebol Clube, que nasceria de uma fusão do próprio esmeraldino com o seu rival Carlos Renaux.

Como o destino adora brincar de ser irônico, na mesma tarde de domingo, a duas quadras de onde o Paysandu entraria em campo, o Brusque enfrentaria – e venceria com autoridade – o Figueirense pela Série A do Catarinense. Ao mesmo tempo em que o Quadricolor se encontra em uma de suas melhores fases na história, seus progenitores Paysandu e Carlos Renaux buscam retomar um pouco da grandeza, disputando o tradicional Regional da LBF.
O adversário da tarde, apesar de não ter toda essa história no futebol catarinense, é uma das principais equipes amadoras do Vale do Itajaí. O Olaria, do parceiraço André Luiz Westarb – massagista, preparador físico e assessor de imprensa -, reina absoluto em Guabiruba, campeão seis vezes na última década (07, 08, 12, 13, 14 e 16), e recentemente vem buscando saltos maiores fora de seus domínios. Em 2013, copou um regional que abrangia desde Tijucas até Brusque e, desde 2015, vem disputando a Copa Krona – com direito a um terceiro lugar logo na estreia.
Almejando ir além, o Olaria deu a mínima para a camisa do adversário e para o fator visitante – se bem que a maioria da torcida presente era guabirubense – e abriu o placar logo aos 9 minutos do primeiro tempo. Godo ia invadindo a área quando foi atropelado por Toninho. Augusto João de Souza não titubeou em assinalar a infração, mas ficou com uma certa dúvida em relação ao lance ter acontecido dentro ou fora da grande área. Acertadamente, ele assinalou a marca da cal, de onde Willian bateu e converteu.

O pé d’água que passou a cair sobre o centro de Brusque, justamente no momento em que a pelota começara a rolar, atrapalhou bastante as duas equipes e, aliada à falta de inspiração das duas equipes, não permitiu maiores emoções na primeira etapa. Ainda que o Paysandu tivesse uma larga vantagem na posse de bola, quem chegou mais perto do segundo gol foi o Olaria, quando Joelson descolou um corredor pela direita, avançou e rolou para João, mas a zaga cortou na hora H.

A chuva, persistente companheira da partida até então, cessou no intervalo, justamente no momento que a bola começava a rolar na cancha vizinha, para o já citado jogo do Brusque. Enquanto as equipes se postavam em campo para a segunda etapa, uma estrondosa comemoração irrompeu por aquelas bandas, sendo instantaneamente ecoada pelo estádio do Paysandu. A torcida presente e os jogadores de ambos os times – e o fotógrafo aqui, claro – comemoraram juntos o gol de Jonatas Belusso para o Quadricolor, mesmo sem fazer ideia do que, de fato, havia acontecido no Augusto Bauer – numa cena rara e surreal, daquelas de arrepiar até os mais conservadores adeptos do Paysandu, até hoje resistentes à fusão.
Voltando ao Cônsul Carlos Renaux, quem começou melhor a segunda etapa foi o Paysandu. A substituição tripla promovida por Osnildo Westarb na esquadra guabirubense surtiu um efeito negativo num primeiro momento. Os esmeraldinos souberam aproveitar e pressionaram, até que, em um lance de infelicidade no meio da área, um defensor do Olaria foi tentar cortar e acabou chutando a bola no próprio braço. Pênalti claro, convertido em gol por Natan.

Curiosamente, pouco antes do empate, o Paysandu havia ficado com um jogador a menos, visto que Fernando estava jogando com chuteiras de travas de alumínio, o que é expressamente proibido pelo regulamento da competição. Dedurado por um adversário, o zagueiro recebeu o segundo amarelo e foi expulso.

Com o placar igual e um a mais, foi a vez do Olaria propor o jogo e pressionar, mas o Paysandu foi resistindo e segurando como podia. Era um chuveirinho atrás do outro dentro da área brusquense. Em um deles, aos 25, após cobrança de escanteio, a defesa tirou praticamente em cima da linha. Logo após, em outro tiro de canto, a pelota sobrou para Godo fuzilar e desempatar a peleia.

Além da desvantagem numérica dentro de campo, o banco de reservas do Paysandu contava com apenas dois jogadores. Dentro dos seus limites, o máximo que o time local conseguiu foi esboçar uma reação, neutralizada sem muitos problemas pela defesa do Olaria.
Galeria do jogo:
Em um grupo que, teoricamente, as duas maiores forças são Olaria e Paysandu – Flórida e Base, ambos de Blumenau, completam a chave – a vitória guabirubense, fora de casa, já é um excelente passo rumo à classificação. O Olaria busca manter os 100% na estreia em casa, contra o Flórida, no próximo domingo. Ao mesmo tempo, o Paysandu vai à Associação da Karsten, em Blumenau, para encarar o Base. Confira a tabela completa aqui.
Para findar minhas andanças por Brusque, ainda dei uma corrida – literalmente – até o Augusto Bauer para acompanhar o segundo tempo da vitória brusquense sobre o Figueirense.

O Cancheiro, cada vez mais apegado ao Vale do Itajaí, volta à região já nesse próximo final de semana, planejando mais uma rodada dupla: Copa Krona no sábado e Copa Pomerode no domingo.
Até lá!