Salve!
Morro da Fumaça ficou para trás. Na ensolarada tarde de segunda-feira, pré-feriado sei-lá-do-quê, tomei o rumo de Nova Veneza e parei no meio do caminho. Sendo mais preciso, no distrito do Caravaggio, famoso por suas peregrinações e culto à Nossa Senhora. A peregrinação d’O Cancheiro, entretanto, é outra e, como o próprio nome do blog sugere, segui em direção ao Estádio da Montanha, a cancha local. Por lá, seria conhecido o grande campeão do futebol amador de Santa Catarina. Apesar de ser no Sul, alguma reza das braba tirou as equipes locais da decisão, deixando o protagonismo todo para Xanxerê e Estrela Azul.



Como havia escolhido Morro da Fumaça como QG no Estadual, acabei acompanhando toda a jornada do Xanxerê rumo à final, desde a vitória magra sobre o Atlético Pomerodense, até a suada classificação contra o Rui Barbosa, nos pênaltis. O Estrela, por sua vez, conquistou a vaga à inédita decisão após visitar o Santuário do Caravaggio, rogar por intervenções divinas e conseguir o feito de eliminar os favoritaços donos da casa – em conversa com alguns dirigentes locais antes da final, todos afirmaram dar como certa a presença do time da casa na decisão. Apesar de todo esse desdém dos anfitriões, o Estrela vinha de uma campanha irrefutável na Interligas, tendo sofrido apenas uma derrota – justamente na única partida da equipe em que O Cancheiro esteve presente, contra o Pescador.

Ainda que sem os donos da festa, todos os caminhos do futebol catarinense levavam ao Estádio da Montanha. Era o que o nobre idealista aqui imaginava. Chegando lá, constatei que eu era o único fotógrafo, tirando o da federação, que registraria a decisão. Ainda que me perguntassem de todos os cantos do Estado se alguma rádio acompanharia a decisão e eu afirmasse que sim, nenhuma deslocou ao menos um repórter até o Caravaggio. Para não dizer que não havia absolutamente nenhuma imprensa, o grandioso campeonatoamador.com estava lá com sua câmera a tiracolo, filmando a peleja.

Findado meu curto parêntese sobre a cobertura midiática do futebol amador em Santa Catarina, vamos ao que interessa: a bola rolando. E foi a equipe de Santo Amaro da Imperatriz que arriscou primeiro: Vanderson, de fora da área, pegou uma bola quicando e mandou por cima da meta defendida por Índio. Jair Mueller, o incansável, respondeu pelo outro lado, arriscando duas vezes e obrigando o goleiro Diego a trabalhar logo no começo.

Assim como ocorrera em Morro da Fumaça, contra o Rui, o Xanxerê aproveitou um apagão da equipe de Santo Amaro da Imperatriz e abriu logo dois gols de vantagem. Primeiro aos 17, com Edson Negão; após cruzamento de Edivaldo, o volante antecipou de cabeça e mandou no contrapé de Diego. Depois aos 30 com o infernal Fumaça; Andrei entregou a rapadura, o atacante xanxerense roubou a bola dentro da área e ampliou o placar.

Depois de um começo bom, o Estrela Azul havia se perdido na partida. A dupla Vanderson e Anderson não conseguia fazer a bola chegar aos seus atacantes. O primeiro foi substituído alguns minutos depois do segundo gol, dando lugar a Fabinho. Ainda assim, a equipe de Santo Amaro só conseguiu assustar no último lance da primeira etapa, quando mandou uma bola no pé da trave, após um desvio em cobrança de falta.

Parecia um repeteco da semifinal: 2 a 0 para o Xanxerê na primeira etapa, ainda que os 45 minutos iniciais tenham contado com um certo equilíbrio. O problema é que, ao contrário do que fizera o Rui, o Estrela voltou a campo meio desligado. Deixou passar aquele gás inicial e logo voltou a dar cancha para o Xanxerê jogar na base do contra-ataque.

Foi desse modo que, aos 15, Edson Negão roubou na intermediária, avançou sozinho e rolou para Renato, que teria só o trabalho de escorar, mas errou. No minuto seguinte, foi a vez de Volmir roubar próximo ao meio do campo e, ao contrário do que fizera o companheiro, arriscar dali mesmo, quase anotando um gol antológico. Renato ainda teve mais uma chance clara de ampliar, ao receber dentro da pequena área, mas domingou mal e deixou a bola escapar; sorte dele que, ao tentar se recuperar e achar ângulo para o chute, foi atropelado pela zaga. Pênalti assinalado pro Bráulio, mas muito mal batido por Volmir, que telegrafou e facilitou a vida do arqueiro Diego.

Cheirinho, totalmente apagado na partida, teve a chance de recolocar o Estrela Azul no jogo; o atacante recebeu bola enfiada e saiu na cara de Índio, mas o goleiro se agigantou para cima do atacante e salvou. Logo depois, Cheirinho coroou sua atuação desastrada ao dar no meio de Marcelo e receber o vermelho direto.

Mesmo com correria imposta após a entrada de Mainha e Neném, a equipe alaranjada não conseguiu encaixar nenhuma jogada. O Xanxerê, enquanto isso, continuava abusando dos contragolpes. Em um deles, Marcelo, que havia entrado no segundo tempo, avançou pela esquerda e bateu no cantinho, sem chances para Diego. Do lado de fora, gritos de “é campeão” ecoavam pelo esvaziado Estádio da Montanha.

O apito final de Braúlio da Silva Machado consagrou toda a superioridade do Xanxerê nessa decisão. Mesmo estando em campo pelo terceiro dia seguido, a equipe do Oeste foi gigante e soube neutralizar facilmente o adversário. “Falei que ia ser o jogo mais fácil desse campeonato”, comentou um dos reservas, enquanto invadia o campo para comemorar.


Com a vitória, o caneco volta ao Oeste depois de quatro temporadas seguidas pelo Sul – o último campeão da região havia sido o Olaria, um dos fundadores do próprio Xanxerê. Demonstra, também, a superioridade do futebol amador jogado lá por aquelas bandas. Em relação ao Sul, que domina na atualidade, o Oeste chegou a 11 títulos a mais: 19 contra 8.
Mais fotos da decisão
Já que não deu para o Oeste ano passado, quando o Guarani viu o também neoveneziano Metropolitano copar em sua casa, dessa vez o título sai do Sul e viaja cerca de 500 quilômetros até Xanxerê.


O Cancheiro deixa Morro da Fumaça e Nova Veneza com mais um Estadual no currículo. Cabe aqui agradecer à diretoria do Rui Barbosa, sempre atenciosa e gentil, e à própria LARM pelo apoio prestado. Deixamos o Sul – e Santa Catarina – e já preparamos uma próxima cobertura supimpa para o feriado.
Dica: tem time de Nova Veneza no meio.
Entonces, até logo e aquele abraço!
Parabenizo pela excelente cobertura.
Abraços e saudações esportivas.
Alberto
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[…] o Carlos Renaux. Já a decisão que não contou com a presença do lado vermelho da cidade foi realizada na cancha do rival Caravaggio, em 2016. Não é exagero dizer, então, que atualmente o futebol amador catarinense gira em torno de Nova […]
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