Buenas!
Como prometido na última postagem, O Cancheiro pegou a estrada rumo a povoados distantes. O destino foi o Paraná. Para ver a Segunda Divisão de Santa Catarina. Pode soar estranho, mas tal excentricidade – mais uma entre tantas do futebol catarinense – se deve ao fato do Porto, de Porto União, mandar suas partidas na vizinha União da Vitória – separadas por um trilho de trem, na prática as cidades são uma só: Porto União da Vitória. Às margens do Rio Iguaçu, no Estádio Antiocho Pereira, a equipe recebeu o Almirante Barroso, em jogo válido pela abertura do returno.


Longas jornadas pelo interior catarinense, para contar as histórias da Segundona, não são novidades no blog, vide Seara e Mafra. Dessa vez, pelo contrário, os 440 quilômetros entre Florianópolis e União da Vitória foram percorridos sem maiores percalços – 350, de Itajaí em diante, junto à delegação barrosista. As maiores emoções ficaram reservadas para a chegada do ônibus ao estádio, quando o motorista conseguiu a proeza de se engatar em fios de alta tensão e acabar com a energia da vizinhança – muito querida por sinal, até me emprestaram um guarda-chuva.

A distância entre as duas equipes não é apenas geográfica. Ambas se encontram nos extremos da tabela. Enquanto o Almirante Barroso segue invicto e líder, o incaível Porto tem apenas um pontinho e vem fazendo força para, enfim, ser rebaixado da Segundona. Um prelúdio de como as campanhas seriam distintas foi a primeira rodada, quando o Barroso aplicou 4 a 0 no Porto, em Itajaí. Ambas equipes já figuraram no blog, ano passado: o Barroso, então Litoral, em uma goleada contra o Curitibanos no limbo da Série C e o Porto, em empate fora de casa contra o Brusque, equipe que viria a ser campeã da B.


Apesar de não ter vencido ainda, o Porto nutre esperanças de ultrapassar o Jaraguá e mais uma vez escapar do rebaixamento. Um triunfo em casa contra o líder, por mais improvável que fosse, além de diminuir a diferença para dois pontos, daria aquele ânimo a mais para o confronto direto em Jaraguá do Sul, já na próxima rodada. E com o campo nas condições que estava, qualquer resultado era esperado.

Pensando nisso, a equipe do Norte Catarinense engrossou o caldo para o líder do campeonato, tornando o embate de igual para igual nos primeiros 45 minutos. A primeira chance, entretanto, foi barrosista: Douglão bateu uma falta da entrada da área, defendida com as pontas dos dedos por Guto. O Porto respondeu com um chute de fora de área de Rafa que passou raspando o travessão e com uma infiltração que obrigou o goleirão Rodolfo a abafar e efetuar uma importante defesa.

Ainda que tenha dado uma trégua no final da primeira etapa, a chuva persistiu e resolveu voltar no mesmo instante em que as equipes voltavam para o campo. Com o gramado cada vez mais comprometido, o lanterna conseguiu seguir fazendo frente ao líder – dizem por aí que não era apenas por uma posição na tabela que o Porto entrava com mais disposição em cada bola.

Quando enfim entrou no jogo e passou a dominar, o Barroso contou com a estrela do seu treinador Renê Marques. Jefferson Paulista, em seu primeiro lance depois de entrar no lugar do lateral Pichu, recebeu lançamento pela direita e escorou de primeira para Safira entrar de peixinho, fazendo jus ao gramado alagado, e completar para o gol vazio.
Quando o Porto ensaiava uma reação, mais uma vez Jefferson Paulista apareceu. E, dessa vez, foi na base da surpresa. Depois de levar a pior com seu piercing no nariz e ficar cerca de três minutos fora de campo, ele foi autorizado a voltar enquanto o Barroso tocava a bola pela direita; rapidamente a equipe virou o jogo, a bola passou por João e chegou ao ponta, que colocou na frente, venceu o zagueiro e a poça de água, avançou com velocidade e bateu na saída do goleiro.
Com o 2 a 0 contra, a situação do Porto ficou ainda mais complicada com a expulsão de Tharle. O defensor claramente matou um contra-ataque do Barroso, flagrado pela bandeirinha Bruna Cristina Correia Silva. Pela falta, ele recebeu o amarelo, mas seguiu reclamando, recordando um possível impedimento no lance do primeiro gol, e foi mandado para o chuveiro mais cedo por Cinésio. Já nos acréscimos, o Porto teve uma chance de descontar, mas Rodolfo fechou o ângulo e espalmou, garantindo o bicho da partida.

A vitória no Paraná – naquela que foi a primeira partida oficial do Almirante Barroso fora de Santa Catarina em sua história quase centenária – ampliou a diferença para o terceiro colocado para sete pontos. Ampliou, também, a crise em Porto União, tornando a próxima partida do Porto, contra o Jaraguá, em um confronto de vida ou morte. Confira os próximos jogos da Segundona.
Já que a fase do Porto não é das melhores, com risco até de fechamento do clube, O Cancheiro volta de União da Vitória com o dever cumprido: mais um estádio novo na lista. Para o ano que vem, há um projeto para que o Iguaçu volte a disputar competições oficiais. Quem sabe, no futuro, não voltamos ao estádio para seguir a lógica e cobrir um jogo do Paranaense? Por aqui, a certeza é que a Segundona de Santa Catarina vem sendo a melhor dos últimos tempos, com oito equipes ainda completamente vivas na briga pelo acesso.
Confira, nos próximos capítulos, como vai se desenhar esse acesso. Abraço!
Ah, e na próxima vez já voltaremos à normalidade em relação às fotos…