Salve, salve!
Depois de um interminável e exaustivo agosto, praticamente sem novos relatos por aqui, enfim estamos voltando à normalidade. Para celebrar esse retorno, O Cancheiro foi até o Vale do Itajaí conferir a final do torneio de uma das ligas mais tradicionais de Santa Catarina, a Liga Pomerodense de Desportos – e isso só foi possível graças aos parceiros Mateus Mamute Mello, pelo empréstimo da câmera, e Felipe Scoz, do Jornal de Pomerode, que emprestou a lente.
Depois de um hiato de dois anos sem campeonatos, a LPD decidiu retornar com um torneio municipal, a Copa Pomerode, que contaria, à princípio, apenas com equipes pomerodenses – filiado à Liga, o Flamengo de Rio dos Cedros também acabou entrando na competição. Após a disputa de apenas um turno, além das semifinais, Floresta e Atlético Pomerodense confirmaram o favoritismo e chegaram às finais.



Ambas as equipes já haviam se encontrado no primeiro semestre, na disputa da Interligas do Vale do Itajaí. Na final, o Atlético bateu o Unidos de Indaial – relembre o primeiro jogo da final – e faturou o inédito título e a vaga para o Estadual de Amadores. Já o Floresta – que também apareceu por aqui, na primeira fase, contra o Tupi de Gaspar – acabou ficando pelo caminho, após duas derrotas para a equipe indaialense nas semis.
Sem o mesmo investimento e já mirando o Estadual, a ser disputado no final do ano, o Atlético montou uma equipe mais modesta para o campeonato da LPD. O Floresta, por outro lado, investiu pesado para acabar com o martírio de 13 anos sem títulos, desfazendo toda a equipe da Interligas – que, por sinal, já era bem qualificada – e utilizando os seis jogadores “estrangeiros” previstos no regulamento da Copa Pomerode. Para tanto, foi a Florianópolis buscar o técnico Djone Kammers e uma trupe de jogadores de sua confiança: David e Carlinhos, multicampeões pelo Grêmio Cachoeira, Jackson e Fábio Fidélis, com passagens recentes pelo profissional do Guarani de Palhoça, e Vanderson, camisa 10 vice da Interligas com o Fundos.


O investimento até então vem dando certo. O Verdão não perdeu nenhuma das suas oito partidas. Foram cinco vitórias (uma na prorrogação, na semifinal contra o Vera Cruz) e três empates. Campanha que contribuiu para levar a final para o Estádio Hermann Weege, no Centro de Pomerode. O Atlético chegou a sofrer um revés, justamente no embate direto contra o Floresta: 3 a 1 em casa. O reencontro viria apenas nos primeiros 90 minutos da final, também realizada no Testo Rega, mas a peleia terminou empatada em 1 a 1, deixando toda a decisão para essa partida de volta.

Como não havia nenhuma vantagem no tempo normal, Atlético e Floresta começaram bem iguais, fazendo um jogo de posse de bola e troca de passes, mas sem arriscar muito no ataque. Quem não teve atuação discreta foi o árbitro Ronan Marques da Rosa, figura carimbada desde o amador de Santa Catarina até o Brasileirão. Já aos 10, Milson invadiu a área e foi atropelado. Ronan nada viu e apenas marcou escanteio.

O Azulão respondeu com Juninho, em duas cobranças de falta ainda antes dos 20 minutos. Na primeira, Elton teve trabalho para encaixar e assustou a Fúria Verde, presente atrás do gol; logo depois, a bola encobriu a meta e pegou na parte de cima da rede. Juninho, do alto dos seus 31 anos e há mais de 10 no Atlético, se desesperou com as duas faltas bem batidas, mas que não resultaram em nada.

A primeira meia hora de partida levava a crer que o primeiro tempo terminaria empatado, tamanho o equilíbrio. Foi quando uma dupla da Grande Florianópolis, de boa atuação até então, resolveu decidir. Vanderson recebeu pelo meio e lançou para David, entre a zaga do Atlético, avançar e bater firme na saída do goleiro. Com o gol, o Floresta foi para o intervalo com uma excelente vantagem, já que agora obrigaria o Atlético a buscar a virada – o empate levaria à prorrogação, e um novo empate no tempo extra daria o título ao Floresta.



Ao contrário da primeira etapa, o segundo tempo começou com pouca qualidade técnica e uma certa violência. Mal havia acabado o primeiro minuto de bola rolando quando Carlinhos deu seu cartão de visitas, entrando no meio de Dimas e levando o primeiro amarelo do jogo. A marcação mais forte, porém, quase resultou em um segundo gol de David, quando o meia roubou a bola e bateu de longe, no canto, mas Vlad voou para espalmar. Em outro erro de saída de bola, Kinho errou o passe e deu nos pés do velocista e habilidoso Milson, que só foi parado à força por Marcelinho, outro amarelado na partida. O prejuízo teria sido muito maior se a cobrança de Japinha fosse alguns centímetros para a esquerda e não explodisse na trave.


Ao contrário do que se esperava, o Atlético não estava descolando forças para transpor a forte defesa da casa e chegar ao gol do empate. Quem ficou mais perto do gol, pelo contrário, foi o Floresta. Aos 20, Milson recebeu de David, contou com um escorregou do zagueiro para sair na cara de Vlad, mas finalizou tirando tinta da trave. Logo depois, em cobrança de falta na área, Maranhão cabeceou meio desequilibrado e a pelota caprichosamente beijou o travessão e ficou viva, mas a defesa afastou.


As críticas à atuação de Ronan agora já vinham dos dois lados – o Atlético reclamava principalmente da falta de gandula atrás do gol, retardando a reposição da bola -, mas quem mais chiou com a arbitragem foi novamente o Floresta. Em uma bela jogada, Vanderson ajeitou de peito e Milson chegou batendo; no rebote, Gérson estava chegando na bola, mas Vlad correu para afastar e levar tudo que havia em seu caminho, inclusive o atacante; Milson aproveitou novo rebote, abriu para bater, mas foi atrapalhado por Ronan, completamente mal posicionado, que fez um “jogo de corpo” no atacante, dentro da área.


Quando enfim o Atlético se encontrou em campo, a partida já se encaminhava para o final. Mesmo assim, o Azulão pregou alguns sustos na torcida local. Aos 38, Dimas fez fila pelo meio da defesa do Floresta e bateu meio mascado, complicando ainda mais a vida de Elton, que ainda assim conseguiu efetuar uma baita defesa. Nos últimos cinco minutos, o Atlético investiu em chuveirinhos na área. Até o goleirão Vlad foi tentar a sorte no ataque, mas a defesa do Floresta, de atuação soberana na final, não deixou passar nada.


Mais fotos da final:
“Esse ano tinha que ser”, era o que bradava dirigentes, comissão técnica e torcedores do Floresta após o apito final de Ronan e o fim da seca de 13 anos sem conquistas. O campeonato da Liga Pomerodense, que não ficava no Hermann Weege desde 2003, finalmente voltou a ser levantado pela tradicional equipe da região central de Pomerode, dando fim também às piadinhas dos rivais. A comissão florianopolitana voltou do Vale do Itajaí com o dever cumprido.


Premiação da Copa Pomerode
Já que fazia tanto tempo que isso não acontecia, segue aí uma galeria de fotos da comemoração do título mais do que merecido do Floresta:
O vice-campeão Atlético, mesmo com a derrota, não se abateu e agora já passa a pensar e planejar a disputa do Estadual de Amadores, título que, apesar da tradição e da força da LPD, nunca foi para Pomerode. Assim como ano passado, O Cancheiro estará contando todas as emoções da principal competição amadora do Estado, dessa vez em Joinville.

O Floresta, por sua vez, ainda terá muito tempo para deixar passar a ressaca do título, já que só volta a campo em 2017, com a disputa da Interligas no primeiro semestre. Segundo informações dos dirigentes das ligas da região, presentes na final, a competição deverá vir mais estruturada, com a presença de até 16 equipes – Floresta e Atlético já têm suas vagas garantidas.


Pelo Vale do Itajaí, O Cancheiro agora volta suas atenções a outro regional que dará duas vagas na Interligas, o da Liga Blumenauense. Já na próxima semana, esse deverá ser o destino do blog.
Fique ligado!