Dale!
A Interligas tá de volta por aqui. Depois de uma grande cobertura no começo do campeonato, outros compromissos deixaram a maior competição interclubes da Grande Florianópolis de lado. Para voltar em grande estilo, fui até a Cachoeira do Bom Jesus para acompanhar a partida de volta da semifinal entre o atual bicampeão Grêmio Cachoeira e o Fundos, atual campeão da Liga da Comarca de Biguaçu.


Mesmo sendo dono da melhor campanha até então, o Grêmio não foi feliz em Biguaçu e voltou com um amargo 3 a 2 nas costas. Agora, para chegar a sua terceira final seguida, a equipe do Norte da Ilha precisa reverter a vantagem do Fundos, fazendo um gol de diferença para levar para os pênaltis ou dois para se classificar diretamente.

Ao contrário do estreante Fundos, o Grêmio já é um velho conhecido do blog, com passagens por aqui por Municipal, Estadual, Interligas (na estreia contra o Juventus) e até em amistoso. Apesar disso, é apenas a segunda vez que nos dirigimos até as dependências do Sapiens Parque, onde está inserido o Estádio José Etelvino de Paula – a primeira foi contra o VT Canto, numa dramática e controversa partida das quartas-de-final do Municipal. Aliás, contando essa partida e a posterior semifinal contra o Bandeirantes, já é a terceira vez que acompanho o Grêmio em desvantagem no jogo de volta – relataria, então, uma terceira reviravolta?

Os ânimos exaltados do primeiro jogo (relembre no Desprovidos) reverberaram sobre a partida de volta. Muita discussão e pouca bola no chão marcaram o começo do jogo. Ainda antes da primeira metade do primeiro tempo, após um pênalti sofrido por Felipinho e não assinalado por Gabriel Kretzer, o encrenqueiro lateral Kowalski exagerou na reclamação e, mesmo do banco, foi expulso.

Ainda que tivesse sido mais incisivo no princípio da partida, o Fundos logo cedeu à força ofensiva do Grêmio. Aos 8 minutos, o zagueiro/lateral Vitor Cruz engatou uma arrancada pela direita e cruzou na medida para Carlinhos, na altura e com a força necessária para que o meia chegasse cabeceando de forma certeira para o gol. Além da bola, o cabeceio certeiro acabou atingindo o zagueiro João Carlos, deixando ambos caídos, sangrando no gramado e gerando um certo temor nas duas equipes – “sorte” que foi apenas um corte, nada que uma atadura moralizante, para o zagueiro, ou uma touca de natação, no caso de Carlinhos, não resolva.



Os cinco minutos parados para o atendimento esfriaram a partida e atrapalharam os planos do Grêmio de aproveitar o ímpeto ofensivo e chegar ao segundo tento. Demonstrando uma vibração descomunal a cada lance, aos poucos a equipe florianopolitana ia retomando os espaços. Em um escanteio, aos 26, a bola sobrou com açúcar para Carlinhos, que tentou engatar um chute sem deixá-la cair, mas furou bizonhamente; o meia, porém, tinha tudo friamente calculado e, na sobra, com o zagueiro vendido, bateu no alto e ainda contou com um desvio para marcar seu segundo gol.

Com o placar que precisava, o Grêmio tirou um pouco o pé e deixou o Fundos tomar a frente da peleia. Foi aí que apareceu o personagem principal da tarde: o goleiro Peu. Aos 40, o indomável Felipinho costurou a zaga e bateu forte no ângulo, mas o arqueiro tricolor alçou voo para buscar. Quando já eram decorridos os cinco minutos de acréscimos, a bola bateu na mão de Marquinhos, próximo à meia-lua, e Gabriel marcou falta. Na cobrança, Vanderson bateu no mesmo ângulo em que Peu estava posicionado, mas nem se quisesse o arqueiro pegaria, já que a bola explodiu na trave e quicou dentro do gol.

O gol no apito final da primeira etapa serviu para deixar a equipe da casa mais ligada. Tanto que, já aos 3 minutos, Luquinhas cobrou escanteio e a bola sobrou para o zagueiro Marquinhos, como um bom centroavante, dar uma de oportunista e bater rasteiro para o gol. David também se empolgou, avançou sozinho e colocou no ângulo, mas Nei buscou.

Quando já era decorrida metade da segunda etapa, o Fundos passou a dominar a partida em busca do gol que levaria aos pênaltis. Em contrapartida, o Grêmio não abdicou de atacar, com um discurso contestável de fazer saldo de gols para trazer a final para casa. Antes disso, era preciso segurar a força ofensiva de Vanderson, Cheirinho e Felipinho. O time de Biguaçu ficou no quase em duas oportunidades: na primeira Felipinho foi à linha de fundo e rolou para o meio da área, mas a bola passou por Vanderson e Higor; logo depois, foi a vez de Cheirinho buscar o cruzamento para Cutelo, mas o saudoso rei da saga Dragon Ball emendou uma meia-bicicleta, defendida por Peu.


A partida ia se encaminhando para uma vitória do Grêmio e mais uma final para o campeão de tudo da Grande Florianópolis. Peu ia se consagrando como o herói da classificação, com uma das melhores atuações de um goleiro que eu já presenciei. Faltou combinar com o camisa 10 Vanderson. Em nova falta boba, perto da área, a batida não foi lá essas coisas, mas a bola passou pela barreira e sobrou para Cheirinho, sozinho, só escolher o canto.
Confira o gol salvador:
Sem tempo para mais nada, o técnico Djone Kammers, do Grêmio, deu uma de van Gaal e promoveu uma substituição surpresa. Faltando dois minutos para o apito final e com o Fundos no abafa, o experiente goleiro André Nicolodi mal teve tempo para aquecer e entrou no lugar de Peu. O titular, e até então destaque da partida, não gostou nada de ser preterido no momento decisivo – com toda a razão – e simplesmente foi embora da cancha. Entretanto, vale lembrar que André garantiu o bicampeonato do Grêmio nas duas últimas finais de Interligas, pegando as penalidades decisivas. A diferença é que ele havia atuado os 90 minutos daquelas partidas e estava quente e confiante o suficiente para fazer a diferença.
Mais fotos dos 90 minutos:
Na preleção pré-pênaltis, Djone cobrou de seus jogadores que acertassem todas suas cobranças, já que ao menos uma André pegaria. O aparente excesso de confiança, porém, resultou no inverso: Nei pegou duas das quatro penalidades do Grêmio, enquanto André não salvou nenhuma. Quando tudo se encaminhava para um arqueiro herói pelo lado tricolor, Nei desbancou titular e reserva e se tornou o destaque da partida.
Confira o vídeo das penalidades abaixo:
Mesmo com a melhor campanha e o melhor futebol apresentado até então, a equipe da Cachoeira ficou pelo caminho. Com todos os méritos, o Fundos fará a final contra o Estrela Azul, de Santo Amaro do Imperatriz, vice do Grêmio em 2015. Nos próximos dois finais de semana, Fundos e Estrela Azul decidirão quem fica com o caneco e com a vaga no Estadual de Amadores – a primeira partida em Biguaçu e a decisão em Santo Amaro. Será apenas a segunda vez nos últimos dez anos que nenhuma equipe de Capital faz a final da Interligas. Mesmo assim, O Cancheiro deverá colar em ao menos uma das partidas.
Um abraço, mô querido!