Buenas!
O 2015 do Metropolitano foi avassalador – não há outro adjetivo que melhor defina essa temporada. Após fechar 2014 com o título do Regional da Larm, o time de Nova Veneza conquistou a Copa Sul dos Campeões, o Estadual de Amadores e, nesse sábado, foi atrás de mais um título regional, dessa vez contra o Araranguá.


Três campeonatos disputados e vencidos, campanhas absolutas, 85% de aproveitamento, torcida sempre presente. Feito que qualquer time de futebol almeja e que, salvo algumas exceções, dificilmente acontece por aqui. Mas não precisa ir muito longe para achar um time com tais características e com tamanha superioridade. Basta ir até o Sul de Santa Catarina e, em meio às montanhas, chegar a Nova Veneza, ou mais precisamente ao estádio Darci Marini. Lá, é possível acompanhar de perto o melhor time não-profissional de Santa Catarina.

Tomei tal rumo, nesse sábado, para ver o que seria mais um troféu levantado pelo Metrô. Não foi assim tão fácil chegar na bonitinha cidade de 14 mil habitantes, famosa pelo turismo religioso e gastronômico. De carona, fiz o caminho Florianópolis – Criciúma, mas, por questão de segundos, perdi o último ônibus para Nova Veneza. Ainda tentamos interceptar o coletivo, mas pelo jeito a Expresso Forquilhinha precisa atualizar os itinerários no seu site. Restou usar um artifício comum em Floripa, porém desconhecido do povo sulista: a carona de beira de estrada. Em letras garrafais escrevi “Nova Veneza” em um caderno e fiquei sob a garoa, ao lado de uma lombada eletrônica na avenida Álvaro Catão, esperando que alguma alma boa parasse. Não sei se eu tenho cara de bandido, mas passavam inúmeros carros de Nova Veneza e ninguém parava – ou olhavam com semblante assustado ou riam da situação. Até que uma pessoa que vinha de, vejam só, Florianópolis encostou o carro e cedeu a tão esperada carona. Depois de recusar um baseado e concordar com o motorista sobre o atraso da mentalidade “de no mínimo 30 anos” do povo do interior, finalmente cheguei ao meu destino.

Tudo conspirava para que a temporada d’O Cancheiro terminasse antes do previsto. Porém, lá estava eu, no Darci Marini para acompanhar mais uma final da Larm. Foi na final do ano passado, entre Caravaggio e Metropolitano, que tomei o gosto pelo futebol amador e decidi que, se um dia o blog virasse realidade, também contemplaria as categorias não-profissionais. Fiquei realmente surpreso e admirado com aquele Estádio da Montanha lotado para aquela decisão, fato que raramente é visto nas divisões inferiores profissionais de Santa Catarina.

Em 2015, o Clássico da Polenta não decidiu o caneco, já que o Carava ficou pelo caminho. Quem tentou fazer frente ao Metrô foi uma novidade nem tão nova assim: o Araranguá. Essa é só a primeira temporada da equipe na elite da Larm. Com um projeto ambicioso de voltar ao profissional, onde foi bicampeão da Copa SC nos anos 90, o Araranguá já copou a segunda divisão de 2014 em sua primeira participação e, nessa temporada, só ficou atrás do próprio Metropolitano na campanha geral.

Os finalistas deixaram a Carbonífera Criciúma e o Turvo para trás nas semifinais. Apesar da melhor campanha e do favoritismo, ambos precisaram de prorrogação para chegar à decisão. Na primeira partida final, em Araranguá, a pressão da baita torcida do AEC não foi o bastante para bater a equipe neoveneziana, que venceu a partida de virada e levou a vantagem do empate para o jogo de volta.

Para a grande decisão, praticamente toda a arquibancada do Darci Marini – que não é pequena – estava lotada. Nem a garoa chata que caía sobre a região foi capaz de afugentar os apaixonados adeptos do Metrô. Cerca de um quarto foi destinado à torcida araranguaense, que também compareceu em peso e lotou seu espaço. O ponto negativo foi a falta de segurança, que obrigou a Banda Louca, a barra brava do AEC, a se posicionar do outro lado do estádio, sob a chuva.

Dentro de campo, o gramado molhado proporcionou um jogo rápido, bem técnico, e repleto de chances, principalmente para o Metropolitano. Mesmo com a vantagem, o time do técnico Walter Ghislandi não mudou sua forma de jogar e passou boa parte da primeira etapa no campo de ataque. Nem a chuva foi capaz de apagar o infernal Foguinho. O possível novo reforço do Criciúma para o ano que vem não deu sossego para a defesa adversária. Em tabelamentos com Luan, Ramon e Will, Foguinho teve oportunidades de marcar e ainda servia seus companheiros, mas faltava uma maior precisão na hora de finalizar. Foram várias as chances para o time da casa, deixando a impressão que quem precisava do resultado era o Metropolitano. “Como que essa bola não entrou?”, lamentou um gandula mirim após um belo chute colocado de Luan.

Quando o Araranguá parecia estar equilibrando a partida, um erro no meio de campo fez o placar finalmente sair do zero. Quando se tem Foguinho, qualquer descuido pode ser fatal. O atacante roubou a bola, avançou no dois contra dois com a defesa adversária totalmente desconsertada e rolou para Ramon. O matador fez seu papel, abrindo para fora, cortando novamente para dentro e batendo à queima-roupa, sem chances para Tiago. O AEC até tentou esbanjar uma reação, mas como o gol saiu aos 40 minutos, não houve tempo e a partida foi para o intervalo com uma vantagem ainda maior para o Metrô.

O começo da segunda etapa deixou bem claro que o Araranguá viria com tudo em busca da virada. No primeiro lance, Renan avançou e bateu cruzado, mas não encontrou nenhum companheiro na área para finalizar. O problema óbvio desse tipo de postura é que a defesa fica aberta, cedendo contra-ataques ao adversário. O Metropolitano, jogando de forma inteligente, se adaptou ao novo cenário do jogo e, na sua primeira chance de matar o jogo, Luan cruzou para Ramon deslocar o goleiro e marcar o segundo.


Com o 2 a 0, o jogo virou um show de contra-ataques do Metropolitano. Enquanto o AEC não conseguia marcar lá na frente, o Metrô pegava a bola e rapidamente ligava ao seu rápido ataque. Luan, Ramon e Foguinho tiveram novas chances, mas desperdiçaram. Em nova subida ao ataque, Luan ia fazendo a jogada quando, do nada, houve uma invasão generalizada de jogadores e comissões técnicas. Com o foco no ataque do Metropolitano, acabei não pegando o que causou a briga do outro lado do campo. No meio da confusão, Renan e Will foram expulsos.

Quando a bola voltou a rolar, depois de quase cinco minutos parada, Foguinho ia puxando outro contra-ataque, quando, na entrada da área, foi derrubado por atrás por Esquerdinha. Mais um expulso pelo lado amarelo. Era tudo que o Metropolitano queria. Com o campo ainda mais aberto, Foguinho lançou o zagueirão Cleiton, que resolveu dar uma de ponta. O capitão avançou com velocidade, fazendo as vezes do expulso Will, levantou a cabeça e rolou para Luan chegar de carrinho e finalizar para o gol.

Daí foi questão de tempo para que o Metropolitano levantasse sua quarta taça da Larm – a terceira seguida. Os campeões ainda tiveram tempo de desperdiçar mais chances de gol, dessa vez com Borracinha. Ele teve três chances: na primeira, chutou nas mãos do goleiro; na segunda, inventou de tocar para um companheiro, mesmo com o gol aberto; por fim, cortou a marcação e chutou fraquinho. Em outras condições, a torcida não perdoaria o atacante. Mas era tudo festa. O Metropolitano estava conquistando sua tríplice coroa de forma absoluta e avassaladora.

Com o apito final do árbitro Ronan Marques da Rosa, a festa tomou conta do gramado. Não era “só” o título da Larm que estava sendo comemorado, era a tríplice coroa, a superioridade do Metropolitano no futebol amador de Santa Catarina. Aliás, celebrando o feito, foi confeccionada uma faixa com as três conquistas de 2015, intitulada com a palavra “Tripl3t” à la Barcelona. Do lado de fora, as torcidas deram um show. Mesmo com a suposta falta de segurança alegada pela (des)organização da Larm, a barra brava do AEC e a torcida organizada do Metrô se uniram e lado a lado fizeram uma bonita festa nas arquibancadas.


Para 2016, o Metropolitano tentará repetir as três conquistas e ainda buscar a única competição que falta: o Sul-Brasileiro, que deverá ser disputado em São Paulo. Como diria Fafá de Belém, em sua música repetida incansáveis vezes no estádio, o Metropolitano “vermelhou” o futebol da região, desde o Municipal, passando pelo Regional, Copa Sul e até o Estadual.



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Já O Cancheiro continuará seguindo seus rumos pelo futebol esquecido do Sul, com novas competições no primeiro semestre e muita bola rolando, seja no amador, nas categorias de base ou no profissional. A ti, leitor, fica o meu agradecimento por ter tornado o blog muito maior do que o imaginado para o seu primeiro semestre e o desejo de um feliz ano novo.
Um baita abraço e que venha 2016!
Muito bom o interesse pelo futebol amador , gostei da reportagem !!! abraços !!
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