Buenas!
Movimentação de torcedores para um clássico, no final da tarde do último domingo, no Rio Grande do Sul. Em qualquer outra cidade seria para o Gre-Nal. Menos em Caxias do Sul. Desde cedo, a cidade serrana vivia o clima do confronto entre suas equipes: Caxias e Juventude, na casa dos grenás, o Centenário. O Cancheiro não podia deixar a baita oportunidade passar e, depois do duelo matutino entre Novo Hamburgo e Brasil de Farroupilha, subiu a serra para encerrar sua temporada em solo gaúcho com um grande jogo.

O jogo envolvia dois clubes em fases completamente distintas. O Juventude, apesar de vir de uma derrota traumática para o Brasil de Pelotas, se encontra na zona de classificação para o mata-mata da Série C. O Caxias, por sua vez, atravessa uma das piores fases de sua história. Depois do rebaixamento no Gauchão, o time grená também é sério candidato ao rebaixamento em nível nacional, estando três pontos atrás do Madureira, primeiro time fora da zona de rebaixamento à D.


Assim que desci do ônibus, tomei o rumo do Alfredo Jaconi, que fica muito próximo à rodoviária – “mas o clássico não era no Centenário?”. Lá, fui super bem recebido pelos Loucos da Papada, em especial por Leonardo Benini e Guilherme Rodriguez, conheci as dependências do estádio jaconero e segui em deslocamento com a torcida do Juventude até o Centenário – que fique bem claro que, apesar das amizades, simpatizo igualmente com os dois times.
Mais fotos do deslocamento da torcida jaconera:
Percorri os três quilômetros que separam as principais canchas caxienses, registrando o bonito espetáculo protagonizado por mais de mil torcedores do Juventude. Chegando no Francisco Stédile, o Centenário, fui autorizado pelos dirigentes da equipe mandante a entrar no campo para fotografar. Entretanto, a representante da ACEG (Associação dos Crônistas Esportivos Gaúchos) barrou minha entrada, alegando que eu deveria ter feito o pré-credenciamento. Mas de buena, como eu não havia feito, pude ter acesso apenas às cabines de imprensa do estádio. O problema é que elas ficam anos-luz de distância do campo. Conclusão: fui para o meio da torcida do Caxias e registrei o clássico de lá.

Das arquibancadas, presenciei a baita festa protagonizada pelas duas torcidas, que estavam em quantidade muito parecida. A torcida do Caxias, apesar de alguns desentendimentos internos, apoiou os 90 minutos. Os jaconeros, com suas duas torcidas organizadas unidas, não deixaram barato e, por vezes, dominaram a acústica do jogo. Com o apoio de seus torcedores, o Caxias provou toda aquela história batida de que em clássico não há favoritismo e começou brigando – e batendo. Com menos de 10 minutos, David e Bebeto já haviam sido amarelados por Jean Pierre Gonçalves Lima.

O começo pegado dos grenás impediu qualquer chegada do Juventude. O esquema com três zagueiros do técnico Picoli também barrava os ataques do Caxias. Dessa forma, o jogo ficou muito brigado no meio-de-campo. Aos 17, o time jaconero igualou a contagem nos cartões amarelos: Itaqui e Vacaria também foram advertidos. A truculência acabou tirando Reinaldo, volante do Caxias, da partida.

No meio da primeira etapa, os times colocaram a pelota para rolar no gramada e o jogo ficou mais interessante do ponto de vista técnico. O Caxias conseguiu trocar passes e dominar a partida. Em cobrança de falta, aos 24, Douglas Packer quase surpreendeu o goleiro Elias, em batida que passou rente à trave. Notando que algo estava errado, Picoli olhou para o banco e adivinha quem estava lá, no auge de sua idade, pronto para entrar? Ele, o incansável Paulo Baier. O mito entrou aos 30, no lugar de Helder. Mas também não fez nada, nem criou, tampouco marcou.
Até o intervalo, os times insistiam nas mesmas armas: o Caxias em bolas aéreas, sempre afastadas pelos três zagueiros jaconeros, e o Juventude em contra-ataques pouco objetivos. Já nos acréscimos, Negueba teve a melhor chance do jogo. Depois de bater em Diogo, o meia-atacante do Caxias ficou cara a cara com o goleiro Elias, mas bateu para fora, levando a apreensiva torcida grená ao desespero.

Assim que começou o segundo tempo, parecia que outro Juventude tinha entrado em campo. Com uma marcação mais compacta e objetividade no ataque, o Papo quase marcou com Obina, aos 2, que girou e bateu forte, assustando o goleiro Marcelo Pitol. Logo depois, Itaqui também ficou perto de marcar, mas o chute de fora da área passou próximo ao gol. O Caxias voltou apático, errando vários passes no meio, enquanto o Juventude, depois do começo ligado, não soube aproveitar o melhor momento no jogo.

A partida, no segundo tempo, ficou muito equilibrada e pouquíssimo inspirada. O árbitro gaúcho continuou a distribuir cartões para os dois lados. Dagoberto, Danilinho, Diego Torres e Léo, pelo lado grená, e Diogo, Fabrício e Maílson, pelo verde, foram amarelados. O último, inclusive, por ter imitado uma galinha e provocado a torcida da casa ao ser substituído no que foi, sem dúvidas, o melhor momento do jogo.

Ficou nisso. A peleia bem ao estilo regional chegou ao final com mais um 0 a 0, mesmo placar do jogo do primeiro turno, no Alfredo Jaconi. Ruim para o Juventude, que podia alcançar o líder Brasil, mas continua na terceira posição; pior ainda para o Caxias, que segue sem vencer na Série C e corre sérios riscos de cair para a Série D, de onde o rival acabara de vir.
Para tentar começar uma recuperação tardia, o Caxias volta a jogar no Centenário, no próximo sábado, contra a Tombense. No dia seguinte, o Juventude tem um confronto decisivo contra o Londrina, no Jaconi. As duas equipes do sul vem ombro a ombro, com 18 pontos, disputando uma vaga entre os quatro classificados.
Ainda sobre a próxima rodada da Série C, é bem capaz que O Cancheiro se faça presente em uma partida no sábado. O que é certo é que voltamos a Santa e bela Catarina. Já faz tempo que a Série B catarinense não aparece por aqui. Para compensar, O Cancheiro estará presente nas últimas quatro rodadas: nas duas últimas da primeira fase e nas duas finais.
Para o Rio Grande do Sul, em especial aos torcedores dos times que por aqui passaram, fica o até logo! Voltaremos!