Começou o segundo turno da Segundona. Tal como na última rodada do turno, novamente O Cancheiro acompanhou Brusque e Atlético Tubarão, mas, desta vez, no estádio Augusto Bauer. No primeiro jogo, nenhum dos dois favoritos ao acesso conseguiu tirar o zero do placar. O Brusque já não é novidade aqui no blog: em 4 partidas, 2 vitórias e 2 empates. A boa campanha conferiu ao Marreco a terceira posição ao final do turno. O Peixe, por sua vez, terminou como líder isolado da competição.

Devido à importância da partida e ser a primeira do Brusque como mandante em um domingão ensolarado, cerca de mil pessoas foram até o Gigantinho da Beira-Rio. De negativo, ficou a profusão de torcedores com camisas de seus times do Brasileirão, fato que não ocorria a anos no Augusto Bauer. A própria torcida brusquense não ficou satisfeita com os “turistas”, como eles falam, que só ficavam no radinho escutando e comentando as partidas do mesmo horário, como Vasco x Fluminense, e esqueciam que estavam dentro de um estádio de futebol para torcer pelo time de sua cidade. “Meu Vascão tá ganhando do teu Fluzão!” era uma das frases que mais se ouviam por lá.

Ao chegar na mítica cancha do vovô Carlos Renaux, conversei com a diretoria do clube da casa que, como contra o Porto, autorizou minha entrada em campo. Entretanto, após o apito inicial do árbitro Célio Amorim, o delegado da partida pediu, gentilmente, que eu me retirasse do gramado, com a alegação de que eu deveria possuir a carteirinha da ACESC (Associação dos Cronistas Esportivos de Santa Catarina) e pagar a mensalidade como os outros “jornalistas”, que estariam incomodados com a situação. O detalhe é que eu não recebo um centavo com isso, muito pelo contrário, enquanto outros vivem do futebol. É uma pena, mas, mais uma vez, o dinheiro fala mais alto no meio do nosso esporte – um dia – popular. Apesar de ser a primeira vez que isso acontece, aceitei e me dirigi às bancadas para captar as imagens de ângulos novos, próximo do calor da torcida.

Além da invencibilidade do quadricolor, outro tabu que permanece desde o começo d’O Cancheiro é o fato do time mandante nunca ter saído vencedor, mesmo após 8 partidas já registradas por acá. Seria O Cancheiro um Mick Jagger de Santa Catarina? Sabe-se lá, mas o fato é que o Brusque tinha tudo para acabar com essa zica e somar os primeiros pontos no returno.

Com o apito inicial, nada de superioridade da equipe local. Nem mal a pelota havia começado a rolar no encharcado gramado e o time de Tubarão já dava as caras no ataque. Foram dois sustos para a torcida ainda nos primeiros três minutos, em erros de saída de bola. Depois disso, as forças se equilibraram. Mas só até os 20 minutos, pois, em mais um erro de saída de bola da zaga brusquense, Pablo carregou ela sozinho pela esquerda e rolou para Dionísio – o mesmo que infernizou a defesa do Brusque no primeiro jogo -, quase dentro da goleira, apenas empurrá-la para as redes.



Com o gol, protestos começaram a ecoar nas arquibancadas. Pedidos pelo recém-contratado Eliomar, reforço que estava apenas esquentando o banco, e gritos de “fora Leandro Campos” deixaram bem clara e insatisfação com o atual momento da equipe comandada pelo gaúcho de bigode. Junto com o time, quem deu uma caída foi a própria torcida, que esqueceu de apoiar e decidiu cornetar a equipe. Não parecia nem de longe aquela mesma torcida que percorreu cerca de mil quilômetros e não parou de alentar um só minuto, na estreia em Seara.

E veja só, os torcedores sempre têm a razão. Lá pela metade da segunda etapa, Wellington Simião deu lugar para a estreia de Eliomar. Aos 37, em falta próxima à linha de fundo, Paulinho chuveirou a bola na área e adivinha quem estava lá, sozinho, para cabecear e correr para o abraço? Sim, Eliomar, o meia-atacante de qualidade que, segundo a voz do povo, estava faltando no elenco.

Depois do gol, o Atlético só administrou o placar, pois o empate era um baita resultado, como fora para o Brusque em Tubarão. O Marreco, empurrado pela torcida que voltou a jogar junto, continuou teimando em jogadas próximas à área e pouco chutou a gol, quase nem obrigando o goleiro Enderson a sujar seu uniforme. A falta de finalização é outra bronca que os brusquenses têm com a equipe e, vendo pelos jogos que eu acompanhei, com razão.

Sendo assim, e depois de um contra-ataque quase fatal do Tricolor da Vila, o confronto entre Marreco e Peixe voltou a terminar empatado, só que dessa vez com um golo para cada lado. Sorte do Brusque que ainda terminou a rodada no G2, junto com o Atlético, já que o Juventus de Jaraguá perdeu para o Porto por 1 a 0. O outro time de Tubarão, Hercílio Luz, venceu o Juventus de Seara por 2 a 1, no sul. Ainda na abertura do returno, Operário de Mafra e Concórdia ficaram no 0 a 0. O Camboriú, que enfrentaria o Blumenau, teve mais uma rodada de folga.


E segue a zica d’O Cancheiro. Já são 9 jogos, com 5 vitórias dos visitantes e 4 empates, e nada do time da casa ganhar. Azar do Criciúma e do Hercílio Luz, próximos times que terão suas canchas visitadas. O Tigre em um jogo que não se enquadra muito com o perfil do blog, pela Copa do Brasil, e o Leão em mais um compromisso pela Série B. Esse será o começo de uma viagem rumo ao sul que trará várias novidades para o blog nas próximas semanas. Fiquem ligados e hasta la victoria siempre – ou, para os mandantes, nunca! Galeria de fotos do confronto entre os líderes: