Palco de cenas inesquecíveis – e algumas lamentáveis – o estádio Augusto Bauer não podia ficar de fora do roteiro aqui do blog. Completando a tour pelo Vale do Itajaí, depois dos modestos 8 a 1 do Hercílio, fui ver o Brusque receber o Porto, também pela sexta rodada da Série B do Catarinense.

O Cancheiro já havia acompanhado e relatado duas partidas do Marreco fora de seus domínios, contra os Juventus de Jaraguá e de Seara, então estava mais do que na hora de colocar o histórico estádio do Carlos Renaux na lista. Para tanto, saí de Ibirama, busquei a corretora ortográfica do blog Amanda, em Timbó, e rumei à terra da Fenarreco.
O time do Vale, com alguns desfalques importantes, como Matheus Paraná, entrou em campo sabendo que estava devendo um bom futebol em casa, pois não havia saído do zero contra o Operário de Mafra e tinha marcado “apenas” dois gols contra o Blumenau. Já o Porto vinha embalado de goleada contra o próprio BEC, por 8 a 0, mas claramente entrou para buscar o empate. Foi tão claro que o capitão do Porto praticamente obrigou seu goleiro a fazer cera no segundo tempo.

Mas vamos seguir a cronologia da partida e começar pela primeira etapa. O Brusque, como era de se esperar, dominou as ações e teve mais posse de bola. O Marreco até chegava a atacar, mas de forma destrambelhada e sem oferecer nenhum perigo ao goleiro Douglas. Tony, um dos destaques do time até agora, jogou mais recuado e teve atuação discreta.

Eydison parecia o mais inspirado do ataque brusquense. Aos 10 minutos já havia quase feito um golaço ao completar de letra uma baita jogada do injustiçado João Neto. Mas o gol só veio aos 45, quando o mesmo Eydison soltou um petardo de fora da área, encobrindo Douglas e tirando o zero do placar do Gigantinho da Beira-Rio.
No segundo tempo, troquei de lado e fiquei atrás do gol, junto ao alambrado, naquele espaço que ficou famoso após torcedores improvisarem um genial camarote em cima de um caminhão, no ano passado. Lá, os folclóricos torcedores do Brusque, com toda sua cornetagem e bom humor, não pouparam o goleiro Douglas de xingamentos e brincadeiras. O arqueiro, por sua vez, respondia as provocações com sorrisinhos e respostas irônicas.

Quanto ao jogo, na segunda etapa o Brusque manteve a postura e quase chegou ao segundo gol por, no mínimo, três vezes nos primeiros 10 minutos. Mesmo com os mandantes criando mais e estando mais próximo do gol, quem marcou foi o time visitante. Aos 15, Djalma aproveitou um rebote após cobrança de falta e empurrou para o fundo da rede defendida pelo goleiro Wanderson. Foi o primeiro gol que o Brusque sofreu na competição.


Era tudo que o time do norte de Santa Catarina queria. Sendo assim, o Porto recuou e buscou segurar o resultado. O time, porém, não contava com a enérgica reclamação de Maguila, que acarretou na expulsão dele, aos 22 minutos. Com isso, não havia outra ação se não estacionar o ônibus na defesa e segurar como podia o empate.

Um dos artifícios clássicos, nesse caso, é a cera, usada pelo goleiro Douglas diversas vezes e que rendeu uma das cenas mais curiosas da noite. Após uma dividida, o arqueiro do Porto ficou caído no chão por alguns instantes. A torcida, que já vinha pegando no pé dele, não deixou barato e ordenou que ele não ficasse no chão. Foi aí que chegou o capitão do Porto, ordenando: “Vai ficar sim!”. Dessa forma, começou uma das discussões mais geniais que eu já presenciei, com frases vindas do capitão, como: “Pessoal daqui é bravinho hein? (perguntando para o médico do Brusque), “Mal temos comida, imagina médico”, “Se vocês soubessem o que a gente passou para estar aqui… Saímos meio dia de van”. A torcida, por sua vez, agiu de forma irônica e, em meio a xingamentos, soube brincar com a atitude atípica do jogador.


O jogo, depois da expulsão, ficou resumido em um Porto retrancado e um Brusque nervoso desperdiçando todas suas chances. O resultado frustou os torcedores quadricolores, visto que eles ainda não tiveram a oportunidade de sair do Augusto Bauer realmente satisfeitos com a atuação da equipe.

Frustou, também, os planos do Marreco de assumir a liderança, já que o Atlético Tubarão foi derrotado pelo Juventus de Jaraguá por 1 a 0. O outro Juventus, o de Seara, também venceu fora de casa, 2 a 0 no Operário de Mafra. Completando a rodada, Concódia e Camboriú ficaram no empate por 1 a 1.
Brusque e Porto agora focam em compromissos fora de casa. O time do Vale vai ao oeste enfrentar o Concórdia. Já a equipe de Porto União (da Vitória), pega a 101 rumo ao sul para jogar contra o Hercílio Luz. O Cancheiro, por sua vez, deixará a Serie B um pouco de lado e deverá ficar aqui pelas bandas de Florianópolis mesmo e acompanhar alguma peleja das categorias de base ou do campeonato municipal da capital.
¡Hasta Luego!