Buenas!
Abrindo o Estadual de Amadores, o anfitrião Guarani recebeu o Grêmio Cachoeira. O jogo, primeiro de uma série de quatro em três dias, era válido por uma pré-semifinal, já que são cinco equipes e ambos tiveram azar no sorteio. Assim como O Cancheiro, o time da capital viajou os 650 quilômetros entre Florianópolis e São Miguel do Oeste, mas, caso perdesse, voltaria para casa mais cedo. O vencedor pega o América de Joinville, no dia seguinte, pelas semifinais.


O Guarani, ao lado de sua apaixonada torcida, vem de uma jornada épica, que culminou em um improvável tetracampeonato da região do Oeste. Para o Grêmio, a temporada acabou um pouco antes, com título do Municipal. Mas a conquista que credenciou a equipe a essa disputa foi a da Copa Interligas, competição que reúne os melhores times da Grande Florianópolis, realizada no primeiro semestre. Nos últimos três anos, aliás, o clube da Cachoeira do Bom Jesus ganhou praticamente tudo que disputou: cinco títulos em seis disputados – o Estadual do ano passado foi a única competição na qual o Grêmio não teve êxito, recentemente.

Com os dois times precisando vencer para não morrerem tão cedo, o jogo começou bem aberto. Não tinha nem terminado o primeiro minuto, quando Eneias e Diogo se enroscaram na área do Guarani e o bandeirinha assinalou pênalti, decisão acatada pelo árbitro Evandro Tiago Bender. Lírio cobrou na trave, mas, para a infelicidade do goleiro André, a bola bateu em seu calcanhar e entrou. A bola mal tinha rolado e o time da capital já estava em desvantagem. Aos 9, teria ficado pior se o bandeirinha Ismael Rodrigo de Moura não resolvesse intervir novamente, dessa vez em favor do Grêmio, assinalando impedimento no que seria o segundo gol dos anfitriões.

Com o placar desfavorável, o Grêmio teve uma maior imposição ofensiva, mas sofria com as chegadas do rápido ataque do Bugre. Em um desses lances, Lírio avançou com velocidade pela esquerda e encontrou Bocão pelo meio; o centro-avante dominou, girou e bateu forte e rasteiro, mas o goleiro André, mesmo encoberto, fez uma baita defesa. Logo depois, em cruzamento pela esquerda, Eneias cabeceou da segunda trave, sem chances para André, que havia ficado pelo meio do caminho.

Os visitantes reclamaram de dois pênaltis, que, do ângulo onde eu estava, foram claros. No primeiro lance, Wagner derrubou Felipinho na linha da grande área, mas o juiz marcou apenas falta. Logo depois, Wagner recebeu um bom lançamento, mas o zagueiro fez a cobertura, deixando o braço. As reclamações do Grêmio foram tantas que o árbitro, já meio perdido, expulsou o massagista Alex Benício, um dos que menos reclamou. As melhores chances de descontar foram nas bolas paradas de Vitor, mas a zaga do Guarani estava bem segura. Isso até os 34, quando Carlinhos se antecipou em um cruzamento e desviou a bola para o gol, pegando o goleiro Rudimar de surpresa.

Mesmo com a derrota parcial, o time de Florianópolis foi para o intervalo de forma superior. Em entrevista a uma rádio da região, o técnico do Grêmio Djone Kammers comentou sobre a arbitragem, que havia sido feliz na marcação do pênalti para o Guarani, mas teria ignorado uma penalidade para o seu time. Djone ainda comentou sobre o calendário de Floripa, com competições fortes durante todo o ano, e ressaltou o bom público, maior do que muita partida profissional pelo estado. Pediu também uma maior valorização do futebol amador por parte da Federação Catarinense de Futebol.

No intervalo, Henrique entrou no lugar de Devid e o Grêmio voltou para a etapa final com uma postura bem ofensiva. Dessa forma, o gol do empate quase saiu aos 3, quando Carlinhos bateu cruzado e André quase alcançou. Logo depois, Itauê fez a jogada pelo meio e tocou para André; o centro-avante bateu firme e empatou a peleia. A virada quase veio em chute cruzado de Felipinho, mas a bola passou rente à trave.

Pelos 7 minutos iniciais, previa-se uma virada do Grêmio (assim como nas outras duas partidas do time em que o blog esteve presente: contra VT Canto e Bandeirante, pelo Municipal). Entretanto, aos 8, Marquinhos fez um golaço. O lateral-direito driblou três marcadores e bateu cruzado, forte e sem chances para André. O inesperado gol desestabilizou a equipe do Grêmio. Aos 12, Marquinhos quase fez mais um, mas o chute foi por cima. Lírio também teve a chance de marcar, após encobrir André na entrada da área, mas o bandeirinha já havia assinalado um duvidoso impedimento.

A grande cartada do Guarani veio por volta dos 15 minutos, com a entrada do atacante Luizinho, velho conhecido da torcida bugra. Mesmo com seus 34 anos, ele parecia um guri jogando, tamanha a vontade e velocidade que colocava nas jogadas, infernizando a boa defesa do Grêmio. Em sua primeira jogada, matou um lançamento e, mesmo sem ângulo, finalizou. No lance seguinte, ganhou de dois zagueiros e bateu no lado externo da rede. Todas as jogadas dele saíam pelo lado direito, assim como outra grande finalização, espalmada por André.

Mesmo com o placar favorável, o Guarani não quis saber de segurar e se impôs. Uma das únicas boas chances do Grêmio saiu de um balaço de Romarinho que explodiu na trave. A melhor forma do time da casa rendeu o quarto gol, aos 32, quando Bocão ganhou no jogo de corpo e cruzou para Lírio, no segundo pau, cabecear em direção ao gol; a bola foi mansamente no cantinho. Pouco depois, em um contra-ataque, Luizinho bateu forte de direita e fez o seu merecido gol, decretando a eliminação precoce do Grêmio e a classificação do Bugre do Oeste para a semifinal, frente ao América.

Para o time de Florianópolis, deve ter sido no mínimo frustrante atravessar todo o estado e ser eliminado com apenas uma partida. Djone, inclusive, comentou que a fórmula do campeonato deveria ser repensada, mas não a tratou como o motivo de sua eliminação, já que os clubes haviam aceitado daquela forma. Apesar da derrota, ele avaliou a temporada como positiva – também pudera, ganhou praticamente tudo o que disputou.

Mais imagens da abertura do Estadual:
O Guarani, orgulho da pequena São Miguel do Oeste, não vai ter nem tempo para descansar e já parte para a disputa por uma vaga na final, contra o América – O Cancheiro, obviamente, se fará presente na peleia, assim como na outra semifinal, entre Metropolitano e Atlético Itoupava.